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Saiu do armário

Freixo entra no PSB e assume sua política burguesa e golpista

Agora o deputado não precisa mais se conter: pode declarar todo o seu amor a Eduardo Paes e a Rede Globo sem medo de ser feliz

Nesta semana, o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ), pupilo do também deputado federal Chico “beija mão” Alencar (PSOL-RJ), finalmente completou a sua transferência para o Partido Socialista Brasileiro (PSB). Freixo troca um partido amarelo por outro, uma agremiação que se diz “socialista” por outra — até aí, pouca novidade. Apenas o que chama a atenção nessa troca é a comprovação de um prognóstico feito pelo PCO há tempos: o PSOL é um partido de parlamentares, desprovido de um programa real, e Marcelo Freixo é apenas mais um desses parlamentares, que fazem malabarismos — literalmente — em nome do socialismo, mas que não passam de representantes de si próprios. E a comprovação de tudo isso é o fato de que Freixo foi parar em um partido que não apenas costuma estar a reboque do imperialismo — como é o caso do PSOL, cuja base pequeno-burguesa costuma ficar na contramão do movimento operário —, mas que, efetivamente, é um partido puramente burguês, uma verdadeira legenda de aluguel, que nem mesmo procura fingir que tem militância, e que defendeu abertamente o golpe de Estado. Um partido, portanto, de sustentação e confiança do regime.

O PSB, apesar do “socialista” do nome e de ser bondosamente chamado de “centro-esquerda” pela imprensa burguesa e pelos intelectuais pequeno-burgueses que não sabem onde fica a própria cabeça, é um partido que não permite deixar qualquer dúvida de que lado de fato está. Com o crescimento da polarização política, as contradições entre a esquerda e a direita ficam nítidas, cristalinas. Basta então analisar rapidamente a trajetória do PSB durante o golpe para saber qual o seu papel.

A relação do PSB com o golpe já vem de 2014. Naquele ano, o partido foi impulsionado pela burguesia para ser um pilar importante do combate ao PT no âmbito eleitoral. O seu presidente, Eduardo Campos, promoveu a saída do partido do governo Dilma Rousseff e anunciou a própria candidatura a presidente da República, costurada junto a setores do DEM e do PSDB. Em Pernambuco, a sede política do PSB, Eduardo Campos, na mesma época, rachou com o PT e lançou a candidatura oficial da direita, trazendo também o PSDB e o DEM em sua chapa. Com a morte de Eduardo Campos, o PSB manteve a candidatura de Marina Silva, que foi fundamental para atacar a candidatura de Dilma Rousseff à reeleição. Marina Silva e o herdeiro do PSB, João Campos, fizeram campanha para Aécio Neves (PSDB) no segundo turno. Como resultado do deslocamento do PSB à direita, o partido indicou o vice-governador do PSDB de São Paulo, o direitista Márcio França.

Em 2016, o PSB aderiu ao golpe de maneira muito explícita. A maioria de seus deputados votou a favor do impeachment, o partido defendeu oficialmente o golpe e em Pernambuco, onde há um esforço enorme de apresentar o PSB como um aliado da esquerda, o governador Paulo Câmara liberou seus secretários para retomar o cargo de deputado e votar pela derrubada do governo do PT. Posteriormente, o partido apoiaria todas as falcatruas do golpe de Estado, como a entrega da base de Alcântara e a intervenção militar no Rio de Janeiro. Em 2018, diante da polarização entre o PT e Bolsonaro, o PSB chantageou o PT para que o apoiasse nas eleições de Pernambuco e, em troca, ficou “neutro” no primeiro turno. Com a vitória eleitoral de Bolsonaro, o PSB votou com o governo em 19,1% das matérias, ficando a frente de partidos ultradireitistas como o Solidariedade, o Avante e o PV.

Todo esse breve histórico sinistro do PSB não o torna uma exceção especialmente negativa no cenário nacional, mas é simplesmente a expressão daquilo que é um partido burguês. Isto é, um partido moldado ao regime burguês, inteiramente imerso no regime. Um partido que, ao não contar com qualquer tipo de pressão dos setores populares, só pode ser pressionado pela burguesia. E que, portanto, só servirá como um representante dos interesses da burguesia.

Se o PSB não tem sindicatos em sua base, organizações populares ou qualquer movimento de trabalhadores, ele tem os trilhões de dólares dos bancos, as ameaças de prisão, o assédio da imprensa e tudo o mais que o imperialismo dispõe para obrigá-lo a fazer a sua vontade. Funciona como o MDB, o DEM, o PSD ou qualquer outro partido fisiológico: cada um entra com o objetivo de conseguir um emprego bem remunerado e, em troca, prostitui-se para a burguesia.

O interessante é que a migração de Marcelo Freixo para o PSB não representa uma mudança nas posições políticas do deputado. Freixo é exatamente o tipo de parlamentar que compõe o PSB: não quer brigar com a burguesia e, ao mesmo tempo, quer um lugar ao sol no regime político. No PSOL, isso já estava claro. A mudança serve apenas para que Freixo possa efetivamente sair do armário. O PSOL não é um partido completamente burguês — é um partido de esquerda, que se apresenta como “revolucionário”, à esquerda do PT, mas cuja limitação maior está no fato de que seus membros são vinculados à pequena-burguesia esquerdista. A professores universitários, grupos de juristas, movimentos estudantis despolitizados etc. Representam, portanto, um setor social que, embora não seja propriamente a burguesia, também não é a classe operária, o que o impede de ter um programa indefinido. Nessa indefinição, acabam, de uma maneira ou de outra, ficando a reboque da burguesia.

A diferença entre o PSOL e o PSB, neste sentido, é que, no PSB, não é preciso fazer demagogia com a pequena burguesia esquerdista. Basta vender sua alma para a burguesia que ela lhe fornece o aparato para que você seja eleito: gordas contribuições, compra de votos, elogios na imprensa burguesa etc. A política burguesa, afinal, é um negócio. Não se trata de um programa político ou de um mérito pessoal: é o seu aparato que permite que qualquer um seja “eleito”. O PSOL, que é um partido que precisa prestar contas para a sua base, não consegue funcionar exatamente desta forma. Embora não abra mão de nenhum método eleitoral burguês, o PSOL precisa fazer demagogia, apresentar-se como esquerdista, como mais progressista que o PT. Precisa ora dizer que não vão se juntar ao PT porque não são “burocratas”, ora fazer alguma estripulia para explicar porque seu oportunismo não lhe permite romper com a burocracia. No PSB, Freixo não precisa mais ficar nessas saias justas.

Basta lembrar que Freixo é o homem que disse que “Lula Livre não unifica” e que, tão logo o ex-presidente saiu da cadeia, foi para o Sindicato dos Metalúrgicos lhe apoiar. É o homem que quer se apresentar como antibolsonarista, mas que defende a “luta contra a corrupção” e as UPPs no Rio de Janeiro. É o homem que faz demagogia com a morte de Marielle Franco, ao mesmo tempo em que defende armas, munição e “condições de trabalho” para a Polícia Militar. Estar no PSOL nunca impediu que tivesse uma política direitista — afinal de contas, a legenda não está imune a esses oportunistas. Apenas o obrigou a inventar umas boas desculpas. Agora, no PSB, Freixo estará livre para alçar voo na sua carreira de cãozinho da burguesia.

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