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Fraude: imperialismo “elege” capacho para entregar o Brasil

Agora “elege-se” um governo “mais legítimo”, capaz de intensificar a política imperialista de ataques à população. Este é o papel do governo de Jair Bolsonaro. Assim como após o golpe militar de 1964, por trás do verniz verde-e-amarelo do alto oficialato das Forças Armadas podem-se divisar com clareza todos os elementos do entreguismo à política imperialista norte-americana: o chamado núcleo duro do golpe. A ascensão do militarismo (incluindo a eleição de Jair Bolsonaro) é análoga ao movimento de 1964 – o qual foi comprovadamente conduzido por agentes norte-americanos a serviço das grandes corporações.

Fascismo bolsonarista: do baixo clero à Presidência

O fascismo bolsonarista tradicionalmente era tratado pela burguesia como um movimento de párias. Os grupos fascistas coordenados diretamente pelo capital estrangeiro eram o Movimento Brasil Livre (MBL), o Vem pra Rua ou o Revoltados Online, financiados por grupos financeiros ligados a banqueiros internacionais e defendendo uma agenda ultraliberal. Com a derrubada de Dilma, esses grupos constituíam a linha auxiliar de agitação, propaganda e coação do governo golpista de Michel Temer.

Com o tempo, porém, a administração golpista mostrou-se fraca para conduzir a agenda golpista com a velocidade esperada pelos setores estrangeiros. O PMDB de Temer possui uma base política ampla de oligarquias locais que impediu o avanço originalmente planejado. Foi quando o núcleo duro do golpe — aqui representado pela Rede Globo nesse caso — tentou depor o próprio Temer com o escândalo da JBS / Joesley Batista no primeiro semestre de 2017. Porém, a mesma base regional que segurava Temer conseguiu mantê-lo no cargo.

Diante do clima de instabilidade, o imperialismo lançou mão dos militares — seus velhos aliados do tempo da ditadura. Em setembro de 2017, o general Hamilton Mourão faria as primeiras declarações públicas assumindo que as Forças Armadas preparavam um golpe militar abertamente. De lá para cá, como se sabe, a presença política dos oficiais só vez aumentar — passando por ameaças ao Supremo Tribunal Federal (STF), pela intervenção militar no Rio de Janeiro e finalmente pela própria candidatura fascista dos militares à Presidência da República encabeçada por Jair Bolsonaro (PSL) e pelo próprio general Hamilton Mourão (PRTB).

Em seguida, a tosca família Bolsonaro — pai e filhos parlamentares — foi “centralizada” pelo imperialismo. O desarticulado e folclórico capitão, deputado antigo do baixo clero até então com um desempenho político pífio, passou duas semanas nos Estados Unidos em outubro de 2017. De lá, retornaria em novembro com o apoio de Paulo Guedes: um investidor discípulo de Milton Friedman em Chicago — o berço do neoliberalismo, de onde saíram por exemplo também os Chicago Boys chilenos responsáveis pela brutal política econômica da sangrenta ditadura de Augusto Pinochet na década de 1970. Com Guedes, a campanha eleitoral dos militares ganhou novo estofo e passou a ser uma alternativa real para os golpistas na campanha presidencial. Não que Jair Bolsonaro tenha deixado de ser um pateta completo: misturando colonialismo com nacionalismo, o militar chegou a bater continência para a bandeira norte-americana durante um evento — na verdade um indicador de seu papel de capacho.

Brazil acima de tudo, imperialismo acima de todos

Todo o programa político, social e econômico da chapa militar é radicalmente conservador nos costumes e neoliberal na economia: a fórmula perfeita para regimes ditatoriais comprometidos com o imperialismo. Bolsonaro pretende aprofundar todo o processo de privatização da educação e da Assistência Social — incluindo a Saúde Pública — entregando nossa população aos grandes grupos privados de ensino, de previdência privada e de Planos de Saúde — quase todos pertencentes a bancos. Bolsonaro e Guedes pretendem ainda privatizar todas as empresas estatais, liquidando nosso patrimônio por valores irrisórios.

Mas como o pária Jair Bolsonaro conseguiu projetar-se como uma das opções viáveis do imperialismo? O capitão e sua campanha estabeleceram, nos Estados Unidos, contato com The movement [O movimento] chefiado pelo fascista norte-americano Steve Bannon. O direitista e seu grupo de manipulação de redes sociais — incluindo o célebre Cambridge Analytica — é um dos responsáveis pela campanha que promoveu a ascensão de regimes de extrema direita em diversos países do mundo. De Donald Trump nos Estados Unidos a Matteo Salvini na Itália. De Viktor Orban na Hungria a Nigel Farage, responsável pelo movimento Brexit no Reino Unido.

O movimento que Bannon chama de “populismo nacionalista” faz parte de uma corrente dissonante do mainstream liderado por bancos, fabricantes de armas e agências de comunicação, hegemônicos no Ocidente desde a crise do Petróleo. Se por um lado trata-se de uma clara ruptura com o sistema da democracia burguesa tal como vinha vigorando, por outro lado o movimento de Bannon nada tem a ver com “nacionalismo” real. Na verdade, assim como no caso dos países do Eixo durante a Segunda Guerra — os nazistas “originais” –, trata-se apenas de outro grupo imperialista, liderado por sedores produtivos, cujo conflito com o mainstream nada mais é que um dos muitos sintomas da aguda crise do Capitalismo em seu conjunto.

Para prosperar, esses grupos fazem acordos pontuais com grupos do próprio setor produtivo local, capazes de dar capilaridade política ao Movimento. No processo eleitoral brasileiro não foi diferente. Ao sentir que não decolavam as candidaturas preferidas pelo imperialismo rentista — Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede) –, os partidos da base golpista (PP, DEM, PR, PRB e Solidariedade) viraram a casaca de declararam apoio a Bolsonaro às vésperas do primeiro turno. Foi o que permitiu, também por meio de ampla fraude, dobrar a votação no candidato fascista praticamente no dia da eleição.

Antes de tudo, com o abandono da candidatura de Lula pelos setores majoritários da esquerda e o lançamento da chapa Fernando Haddad (PT) e Manuela D’Ávila (PCdoB), subordinaram-se os principais movimentos populares ao processo eleitoral golpista. Estava garantida a ausência de movimentos populares de natureza revolucionária — pelo menos até o fim das eleições. A confiança dos “mercados” diante de uma suposta polarização política — em princípio negativa para a economia — no segundo turno era o sinal definitivo de que, ainda que pessoalmente tosco, Jair Bolsonaro ainda era um homem do sistema.

De fato, com o crescimento de Bolsonaro na campanha, o empresariado brasileiro rumou confiante para o exterior, onde passou a investir e a buscar investimentos. Segundo Alexandre Ibrahim, responsável por mercados internacionais da Bolsa de Valores de Nova York (Nyse), há dois meses “o sentimento não era tão otimista quanto na semana passada. O interesse de empresários em falar conosco foi incrível”.

Criam-se assim novos vínculos com outros setores imperialistas. Assim como em 1964, o governo de militares estará prioritariamente a serviço do enriquecimento de grandes grupos norte-americanos e de seus prepostos brasileiros. Steve Bannon, por exemplo, pretende cultivar o relacionamento com Bolsonaro e outros governantes fascistas no mundo, convidando-o para encontros de O Movimento, como o que se realizará em janeiro na Bélgica. Sem a menor cerimônia, o direitista afirmou essa semana: “convidamos líderes populistas e nacionalistas de todo o mundo. Estamos convidando o capitão como forma de mostrar nosso respeito por ele”.

“Democracia versus ditadura” ou “trabalhadores versus imperialismo”?

É preciso ter claro que a disputa os partidos Democrata e Republicano nos Estados Unidos e a própria ascensão da extrema-direita no mundo nada mais é que um sinal do processo de crise dos regimes políticos que dão suporte ao imperialismo. As democracias burguesas não mais são capazes de sustentar a brutal exploração da classe trabalhadora que se faz necessária para manter o sistema funcionando, levando os monopólios econômicos a retornar ao seu regime político preferencial: a ditadura.

As ditaduras nada mais são que formas mais agudas de opressão do imperialismo ou, se se preferir, as democracias burguesas nada mais são que máscaras palatáveis da ditadura — em que o poder segue nas mãos dos mesmos grupos, em que a polícia reprime com mão-de-ferro a classe trabalhadora. Lutar contra o golpe e contra o aprofundamento do processo ditatorial representado por um eventual governo militar não é, portanto, lutar “pela Democracia”, mas pelos direitos da classe trabalhadora. Como em toda disputa política, as forças em jogo são reais.

Superado o processo eleitoral e a vergonhosa capitulação da esquerda brasileira a ele, é hora de abandonar as meras campanhas de opinião. É hora de organizar e mobilizar a classe trabalhadora para lutar por seus direitos. A vitória eleitoral de Bolsonaro é fraudulenta e não pode ser referendada pelos trabalhadores. É preciso exigir a libertação imediata de Luiz Inácio Lula da Silva, convocando-se novas eleições presidenciais controladas pelo povo, num processo que resulte numa Assembleia Constituinte Popular, dinâmica e verdadeiramente democrática, capaz de firmar um novo pacto social livre das pressões imperialistas.

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