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Profissionais de saúde

Formaturas antecipadas expõem problema do acesso ao ensino médico

O país conta com 1 médico para cerca de 500 pessoas necessitadas: não há profissionais de saúde suficientes, a situação se evidencia durante a pandemia

O Ministério da Educação (MEC) autorizou a antecipação da colação de grau de estudantes em todos o país da área de saúde para abastecimento de profissionais na linha de frente do combate ao corona vírus. Não apenas isso, mas também determinou que estudantes dessa área em fase de estágio, atuem nas áreas de enfrentamento direto ao corona vírus. De acordo com o MEC, somente durante a pandemia, já se formaram mais de 1.241 profissionais de saúde. Entre esses formados estão mais de mil médicos, 150 enfermeiras, 10 fisioterapeutas e 23  farmacêuticos. Esses profissionais tentarão suprir a falta urgente na linha de frente.
Este pouco número de formados, – às pressas, sem mesmo ter cumprido 100% da carga horária obrigatória -, revela que a formação de médicos no Brasil é precária em quantidade. Ou seja, o processo de seleção de jovens para cursar a especialidade de medicina é excluso, escasso. O corona vírus, mais uma vez, escancara a política da direita para a população brasileira. Dessa vez, demonstra que não há médicos suficientes para atender à população, mesmo antes do corona vírus.
Trabalhadores da saúde na linha de frente
O Brasil vem tendo uma baixa grande de profissionais de saúde em relação a outros países. Até onde se apura, somente da cidade de São Paulo mais de 4.000 trabalhadores da linha de frente já foram afastados dos hospitais, sendo vítimas ou suspeitos de contrair COVID-19. Diante da situação, já foram registradas 73 mortes desses profissionais no país inteiro, segundo o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen).
Essa média é alarmante visto que nos Estados Unidos, país capitalista onde o genocídio é histórico, com mais de 71.000 mortes por corona vírus, há registro de óbito de 46 profissionais de saúde. Na Itália, onde 29.000 pessoas foram vítimas do vírus, há registro de 35 óbitos, enquanto na Espanha, com 25.000 vítimas, 4 eram profissionais da saúde. Ou seja, a situação que o governo Bolsonaro quer que os trabalhadores da saúde atuam é de suicídio.
A exploração de o abandono desses profissionais na linha de frente tem sido um crime praticado por estados e governo federal. O Sindicato dos Servidores Públicos Federais (Sindsep) vem denunciando a falta de equipamento de proteção individual (EPI) para os trabalhadores da saúde, que estão sendo obrigados a reaproveitar equipamentos. Além de máscaras faltam luvas, álcool em gel, protetores faciais, aventais, macacões (que estão sendo substituídos por sacos de lixo), etc.O Sindsep denuncia a política de Bolsonaro para os médicos, enfermeiros, maqueiros e demais trabalhadores. Em nota, informa que 62% dos trabalhadores da saúde afirmam não ter acesso à máscara do tipo N95, 52% enfrentam a falta de máscaras de proteção. Além disso, para 70% deles não há álcool em gel, e 30% dizem estar sem avental.
Há médicos suficientes?
Segundo artigo de Lincoln Lopes Ferreira, presidente da Associação Médica Brasileira, sobre a demografia médica do ano de 2018,
“em janeiro de 2018, com 452.801 médicos (razão de 2,18 médicos por mil habitantes), o Brasil ainda sofre com grande desigualdade na distribuição da população médica entre regiões, estados, capitais e municípios do interior.”
Ou seja, o Brasil conta com 1 médico para cerca de 500 pessoas necessitadas: não há profissionais de saúde suficientes. Esse cenário é histórico e a situação se agrava drasticamente durante a pandemia. Isso se prova quando vemos hospitais abarrotados, nos quais a população morre com falta de ar nos corredores e seus cadáveres são levados em caminhões frigoríficos para carne. Imagina-se, enquanto se afasta mais de 4 mil só na cidade de SP, se repõem somente 1.241 no país inteiro, profissionais inexperientes, dispostos ao mesmo risco de contaminação.
Essas condições são definitivamente absurdas. Estamos diante de uma hecatombe histórica e o fato é que a política do governo Bolsonaro para a população é de jogar os trabalhadores para a morte. A extrema-direita precisa ser duramente denunciada e expulsa do poder. O governo inventa histórias, mentiras, causos e polêmicas para desviar-se de sua responsabilidade para com a população. É preciso perceber que uma política séria de combate ao corona vírus só poderá sem implantada com a derrubada do governo golpista. 
O acesso ao ensino
Em Cuba, país cuja medicina é a mais desenvolvida no mundo, há cerca de 9 médicos para cada 1.000 habitantes, ou seja, 1 médico para cada 100 pessoas. Além disso, 35.787 estudantes estrangeiros, de 141 países espalhados pelo mundo. A política de saúde pública cubana é pautada no sistema de prevenção, investindo em tecnologias de saúde, poupando a população de epidemias e resguardando os hospitais apenas para os casos mais complexos. Inclusive, é preciso destacar que Cuba tem o maior centro universitário e tecnológico de medicina do mundo. Durante a pandemia exporta médicos ajudando outros países e prova que é referência para o mundo inteiro.
No Brasil, o déficit histórico de profissionais da área de saúde é gritante. É importante entender que o sistema de ensino superior não forma uma quantidade de profissionais  que atendesse a demanda da população. Sabemos, então, que as condições do sistema de saúde brasileiro são infinitamente precárias, bastante inferiores às de Cuba, em proporção. Este fato é implicação direta da política de educação do ensino superior do país.
O sistema de seleção para o acesso ao ensino médico é antidemocrático, exclusivo à burguesia. Ou melhor, está a serviço dos ricos. O que demonstra isso é a quantidade irrisória de vagas para a área e a escassez de universidades públicas. A alta competitividade gerada esmaga os filhos dos trabalhadores pobres que querem ser médicos, pois não podem pagar cursinhos e os melhores professores do país, que não consegue ter dedicação exclusiva ao estudo.
Não apenas isso, mas é preciso destacar que a direita prefere transferir dinheiro da população aos grandes capitalistas do que construir universidades públicas. Destinar os fundos da educação pública para pagar cursos de medicina de até R$10.000,00 mensais em universidades particulares é um murro da boca do estômago do trabalhador, que não pode pagar a quantia. Uma política de impedimento. Uma regra que arbitra: o filho do pobre não pode ser médico.
É necessário concluir: a direita seleciona os estudantes do ensino médico através de medidas que impedem o acesso dos trabalhadores pobres ao ensino superior. Exemplo disso é a decisão tomada pelo governo Bolsonaro através de Abraham Weintraub, ministro ilegítimo da educação. Ao decidir pelo não adiamento do ENEM, o governo federal cria uma disputa humilhante para os estudantes de escola pública, que tiveram os estudos afetados pela pandemia, enquanto os filhos dos patrões estão a todo vapor. Weintraub declara: “o ENEM não foi feito para corrigir injustiças.”
A solução para isso é acabar com o exame de seleção para o ensino superior. Isto é, a política da classe trabalhadora para a democratização do ensino médico deve ser de destruição das barreiras que impedem o seu acesso. Qual seria a ferramenta de seleção que tem o direito de dizer que alguém não é digno do conhecimento médico? Essa ferramenta não existe. O acesso público ao conhecimento médico sofre interferência da burguesia que, através do sistema de seleção, diz quem é digno ou não à medicina.
É preciso derrubar os exames públicos de seleção do ensino e viabilizar o acesso dos filhos da classe trabalhadora ao conhecimento médico.

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