Se havia dúvida sobre a concordância da população com a campanha pelo fora Bolsonaro e todos os golpistas, o carnaval de 2020 escancarou que a maior parte da população quer a retirada imediata de Bolsonaro e de seu governo fraudulento.
Um pouco diferente do carnaval de 2019, que também foi repleto de manifestações contra o governo Bolsonaro, em 2020 o nível de politização foi muito maior, o que permite que a campanha se desenvolva de forma mais política. Enquanto em 2019 o principal grito do carnaval foi “Ei, Bolsonaro! Vai tomar no c…!” Em 2020 o grito principal passou a ser o “Fora Bolsonaro!”, o que era um xingamento, a expressão de uma indignação popular espontânea, adquiriu uma forma de reivindicação política, que chama a uma campanha ativa para sua realização.
O carnaval torna isso mais claro pois se trata da maior festa popular do País, época em que a população toma as ruas e nela se expressa de forma menos controlada do que nos demais períodos do ano, em contraste com a rotina e a inércia do cotidiano. Daí a importância da formação de Comitês pelo Fora Bolsonaro. A festividade neste ano mostrou que ao colocar milhares e milhões de pessoas nas ruas o povo tende a se organizar contra o governo golpista, como visto na campanha gigantesca em blocos, desfiles, etc.. Agora que a rotina de trabalho dos brasileiros voltará ao normal, os comitês são o setor que seguirá mobilizando a população, através de panfletagens, colagens, distribuição de cartazes, adesivos, jornais, aos públicos, entre outros.
Além disso, construir comitês parte da constatação de que as organizações tradicionais dos trabalhadores, como os partidos de esquerda e as organizações sindicais e populares não conseguem, devido à política capituladora das suas direções, fornecer aos trabalhadores uma política que sirva como instrumento de luta contra a burguesia e a direita. Exemplo recente disso é a política da esquerda (PCdoB, PSOL, PT) de frente ampla com setores da direita golpista (PSDB, DEM, MDB, entre outros), que colocará a esquerda (trabalhadores) a reboque da direita (burguesia) nas eleições. Assim como ocorrido na greve dos petroleiros, onde ao procurar acordo através do Tribunal Superior do Trabalho (TST), a greve foi derrotada, não conseguindo reverter as demissões.
Isso mostra que embora as direções da esquerda se recusem a chamar o fora Bolsonaro, as bases querem derrubar o governo golpista. Daí a necessidade da construção de comitês pelo Fora Bolsonaro, proposta pelo Partido, que organizem a base de todos os partidos de esquerda e organizações de luta dos trabalhadores para uma campanha de rua pelo Fora Bolsonaro.