A Ford, desde o golpe de estado, tem fechado fábricas e demitido milhares de trabalhadores todos os anos como consequência da crise gerada no Brasil. Agora, depois de 9 meses da chegada da pandemia do Coronavírus, que intensificou ainda mais a crise econômica mundial do capitalismo, anuncia o encerramento de todas as atividades no país, impondo o pagamento da fatura da crise capitalista a mais de 72 mil trabalhadores. Não bastasse as demissões, milhares de processos trabalhistas serão abandonados na justiça sem resolução, as causas totalizam quase 1 bilhão de reais.
O fechamento das fábricas da Ford aconteceu depois do golpe de estado, que preparou o terreno para as demissões e cortes de direitos trabalhistas com a destruição da CLT. O Sul do País foi a primeira região onde as atividades foram encerradas, milhares de demissões também aconteceram em Taubaté (SP), São Paulo e Camaçari (BA). A fábrica do ABC Paulista foi fechada em 2019 e mais de 4 mil trabalhadores ficaram sem emprego.
A pandemia intensificou a crise e os golpistas garantiram o lucro dos capitalistas através da MP 936, que permitiu a flexibilização da carga horária e redução de salário, além de cortes de benefícios como transporte e alimentação. O governo ainda lançou o programa de pagamento de benefício emergencial para empregados afastadas dispensando assim os capitalistas de manterem seus empregados. Com o fim da validade da MP 936 em dezembro de 2020, a Ford anunciou que fechará todas suas fábricas no Brasil.
O impacto para a classe trabalhadora é de aproximadamente 12 mil trabalhadores demitidos diretamente e outros 60 mil de forma indireta. No Complexo Industrial de Camaçari, cidade próxima a Salvador, serão mais de 9 mil trabalhadores demitidos, o fechamento da Ford afetará também fábricas de autopeças que farão o número de demissões ultrapassar 12 mil empregos. Em Taubaté, interior de São Paulo, serão mais de 830 demissões. Na fábrica de jipes Troller, em Horizonte (CE), serão mais 500 demitidos. Somando Camaçari, Taubaté e São Paulo serão mais de 11,5 mil trabalhadores desempregados.
O imperialismo desfere um duro golpe contra a classe trabalhadora brasileiro, as demissões são um duro ataque às condições de vida dos trabalhadores na pandemia. As demissões da Ford, assim como outras dezenas de milhares que acontecem neste início de ano, se somam ao quadro de 14,2 milhões desempregados oficiais. A situação da classe operária no Brasil tende a se agravar: o PIB teve queda de 5%, mais da metade da população está desocupada e subempregada, os preços dos alimentos dispararam e o valor da cesta básica corresponde a mais de 60% do valor do salário mínimo. A previsão deste ano são 66 milhões de pessoas na pobreza e 24 milhões na extrema pobreza.
Além da questão das demissões, a Ford acumula, desde 2014, quase 5 mil processos na justiça trabalhista. São 4.930 processos trabalhistas que totalizam valor de causas equivalente a R$ 897,88 milhões, desses 3.534 estão ativos com valor total de causas R$ 694,86 milhões. Apesar da justiça golpista favorecer os grandes capitalistas, as condenações da Ford em primeira instância acumulam valor de R$ 177,5 milhões e os acordos totalizam R$ 15,4 milhões. Nada garante que, com sua saída do Brasil, a Ford responderá à justiça e, assim, que não aplicarão um calote milionário nos trabalhadores.
Este diário denuncia todos os ataques da Ford contra os trabalhadores desde o golpe de estado, as direções operárias não levaram a cabo uma luta verdadeira de enfrentar ao golpe e os ataques criminosos contra os trabalhadores durante a pandemia. Assim como em outros momentos, apontamos que o único caminho para a vitória dos trabalhadores é a greve e a ocupação das fábricas. É preciso que os trabalhadores se organizem, tomem as fábricas da Ford imediatamente e construam um programa independente de luta para colocar fim ao golpe de estado, que inclua como palavras de ordem “Fora Bolsonaro e Lula Presidente”!