A Ford, que nesse mês decidiu deixar mais de cinco mil trabalhadores diretos, 50 mil trabalhadores juntando as autopeças, concessionários etc., e uma população de 200 mil pessoas, tomando-se como base uma família de quatro pessoas, ou seja, um casal e dois filhos, e que poderá representar muito mais, conforme o Departamento Intersindical de estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) pode representar quase meio milhão de pessoas dependentes da multinacional.
De acordo com a análise do Dieese, considerando as 5.000 demissões na Ford, haverá uma perda potencial de 118.864 mil postos de trabalho diretos e indiretos, com uma perda de massa salarial de R$ 2,5 bilhões aos trabalhadores. Já a queda de arrecadação de tributos e contribuições ficará na ordem de R$ 3 bilhões ao ano. Considerando-se seus dependentes, esse número salta para 475.456 pessoas, algo equivalente a 3,3% do total de desempregados, do país que soma mais de 14 milhões atualmente.
São três unidades restantes, uma delas fechou em 2019, a fábrica localizada em São Bernardo do Campo. Atualmente a Ford possui 4.604 mil trabalhadores diretos na unidade de Camaçari, 830 na unidade de Taubaté (SP) e 470 trabalhadores da fábrica dos jipes Troller em Horizonte (CE). O número total de trabalhadores diretos é de 6.171, sendo que 5.000 serão demitidos.
A empresa centenária que se instalou no Brasil em 1919 e, ao longo dos anos recebeu vultosos subsídios para permanecer no país e mesmo assim, até hoje teve seu quadro de funcionários reduzido em 16.800. De acordo com o levantamento do Dieese, em 1980, a empresa era a maior empregadora entre as montadoras, com 21.800 trabalhadores e uma produção nacional de 165.500 unidades/anos. Em 1990 somou 17.578 trabalhadores, e em 1999, 9.153.
Apesar da burocracia sindical tratar a multinacional como uma vítima, como apresenta o Dieese, onde ressalta que haverá uma perda de salários de R$ 2,5 bilhões e, o mais importante, uma queda de arrecadação de impostos e contribuições de R$ 3 bilhões foram anos e anos recebendo subsídios dos governos, reforçando, ainda que, “a cada R$ 1,00 gasto na indústria automobilística, é acrescido R$ 1,40 no ‘ valor adicionado’ da economia”.
A burocracia sindical, a qual a faz parte o Dieese, ignora completamente o vultoso lucro que obteve à custa desse contingente de operários, bem como, mas também, as medidas tomadas pelo governo golpista do fascista Bolsonaro, principalmente na pandemia, onde os capitalistas receberam mais de 1.2 trilhões de reais, além de rebaixarem os salários dos trabalhadores em até 75%, suspenderam contratos de trabalho e depois, como fez a Ford, Mercedes Benz, Ioki, os bancos em geral, incluindo o Banco do Brasil, que está preparando um corte de nada mais, nada menos do que 5 mil trabalhadores, com Medida Provisória 936/2020. Uma medida que a sua quase totalidade dos sindicatos aderiram à política do fascista Bolsonaro, utilizando-se de pecha do momento que é a de “fique em casa” do imperialismo, representado pela Organização Mundial da Saúde onde, de fato, somente os capitalistas ficavam em casa, contando dinheiro, enquanto os trabalhadores ralavam, todos os dias, em ônibus lotados, e trabalhavam feito condenados para manter as contas bancárias cada vez mais volumosas desses empresários, sendo contaminados e mortos, enquanto isso os dirigentes sindicais, em casa, deixavam os sindicatos de portas fechadas, ou seja, a mesma coisa que está acontecendo agora, onde o sindicato dos Metalúrgicos de São José dos campos, onde mais de 2.500 trabalhadores foram demitidos, resolveu reafirmar a política imperialista da OMS.
Fora essa situação, os patrões, a exemplo das montadoras, sempre foram beneficiadas pelos vários governos do país, no caso da Ford foram mais de R$ 20 bilhões, inclusive no governo do PT.
A cada existente, como no caso das montadoras, mas em geral, com estamos vendo nesse momento, os trabalhadores são os primeiros a sofrerem as consequências, tanto é que, já ocorreram inúmeros PDVs, existente, agora, por exemplo, a Volkswagen, além do lay-off (contrato suspenso temporariamente) Este foi o caso do Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região (Sindmetau), que realizou um acordo com a Ford em que os trabalhadores tiveram que aceitar redução de jornada de trabalho com redução salarial para manterem estabilidade nos empregos até o fim de 2021, no entanto, todos estão no olho da rua.
Os sindicatos precisam abandonar as férias, abrir as portas, convocar as plenárias, assembleias e a CUT abrir uma discussão em todas as categorias sobre como enfrentar as demissões e realizar uma campanha nacional de luta.
Por uma campanha nacional
A Corrente Sindical Nacional Causa Operária, está chamando ao ativismo classista a cerrar fileiras, sair à luta, para colar cartazes, distribuir panfletos contra as demissões e privatizações, defendendo a redução da jornada de trabalho, ocupação etc.
É preciso impulsionar essa perspectiva nos locais de trabalho, nas entidades sindicais, nos movimentos de luta, nos bairros operários, entre outros meios, através da constituição de Comitês de Luta contra o desemprego.
É o único caminho para a classe trabalhadora sair vitoriosa.