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Força-tarefa do golpe militar: generais preparam a ditadura e a repressão política

Nesta segunda-feira, 15, o presidente golpista Michel Temer decretou a criação de uma Força-Tarefa de Inteligência. O objetivo declarado do decreto nº 9.527 é combater o “crime organizado”. No entanto, está evidente pelo próprio texto que o alvo são os movimentos políticos e sociais que se opõem ao golpe, quando diz que elas “afrontam o Estado brasileiro e suas instituições”.  Nela estão inclusos o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), os centros de inteligência da Marinha, do Exército e da Aeronáutica e a Polícia Federal, todos órgãos controlados pelas forças armadas. Além disso, também estão inclusos: o Conselho de Controle das Atividades Financeiras do Ministério da Fazenda, a Receita Federal, a Polícia Rodoviária Federal, o Departamento Penitenciário Nacional e a Secretaria Nacional de Segurança Pública.

Percebe-se que trata-se de uma grande equipe e que, portanto, não é em vão que a criaram. Quem está à frente desta força-tarefa são os militares. É uma organização que está sendo criada como preparação para o golpe militar, e que confirma ainda mais que existe todo uma manobra para dar um golpe no país.

Nenhum golpe de Estado se realiza sem a permissão das Forças Armadas. No Brasil, isso ficou bastante claro com o decorrer do regime golpista, que, à medida em que ele foi entrando em crise, a aparição dos militares para defender o golpe foi se explicitando. O alto-comando tem se pronunciando cada vez mais sobre a situação política no país, intimidando e até controlando as instituições, crescendo politicamente, aumentando seu efetivo de soldados e armas, realizando mais operações e assim por diante.

Logo de início, ficou claro que a possibilidade de um golpe militar no Brasil não estava distante da realidade, já que em vários países do mundo, foi a solução que o imperialismo encontrou para segurar a crise política, como no caso do Zimbábue e de Honduras, além de obviamente o Egito. Mas não eram apenas estes os indícios. Depois do impeachment, os generais deram o indício de que eles iriam intervir caso a situação saísse do controle. Na imprensa burguesa golpista, como a Folha de S. PauloO Estado de S. Paulo, onde foram publicadas colunas de membros do alto-comando afirmando a constitucionalidade de uma intervenção militar no país.

Vale lembrar que, assim que foi constituído o governo de Michel Temer, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) foi dado para o General Sérgio Etchegoyen, que tem uma longa tradição anti-comunista e golpista, tendo seus familiares – pai, avô e tio – participado da elaboração de diversos golpes de estados na história do país. Quer dizer, uma das primeiras ações do golpe foi colocar todo o aparato de inteligência e repressão, espionagem, e enfim, coisas essenciais do poder de estado, na mão de um General do Exército totalmente reacionário.

À medida que foi se aprofundando a crise do regime golpista, o Alto-Comando das Forças Armadas, que até então estava nos bastidores da política, manobrando, orquestrando e garantido que todo o processo desse certo sem sua intervenção direta, teve de sair do armário e atuar cada vez mais abertamente na situação política. Foi na época que começaram a vazar diversas declarações de componentes das Forças Armadas, inclusive declarações de gente do próprio Exército confirmando a organização de um golpe de estado nos bastidores políticos.

No final de 2017,  o episódio em que o General Hamilton Mourão, que hoje é candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro, apoiada pelo imperialismo, declarou no Clube Militar, onde se encontram vários antigos militares que ainda exercem muita influência na totalidade das Forças Armadas, que já estava tudo pronto, e que os militares já estavam prontos para tomar o poder. Logo após, o supremo comandante do Exército, o general Villas-Bôas, foi convidado pela Globo (imprensa da ditadura de 64) para participar do programa conversa com Bial, onde ele, além de não ter denunciado a declaração feita pelo General Mourão, ainda reafirmou que a intervenção militar é garantida pela constituição federal, mostrando uma unidade dos generais em torno da questão do golpe militar.

Exatamente nesta época, os militares começaram a realizar uma série de operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), como um treinamento para o golpe militar. Fazia tempo que o Exército não ERA acionado com tanta frequência, já que no início de 2017, houve ainda a crise nos presídios em que foram os militares os chamados para conter as revoltas dos presidiários.

Seguiu-se a isso, o treinamento do exército brasileiro com os militares norte-americanos (que articularam o golpe no país), e que hoje além de estarem cerceando as fronteiras marítimas do país, ainda fornecem diversos equipamento bélicos, como tanques e armas, para as Forças Armadas brasileiras – uma forma de dar aos súditos o equipamento necessário para realizar o trabalho sujo.

A operação golpista em torno da prisão do Lula, que foi a que mais tornou aguda a crise política no Brasil, derrubou parte dos panos que encobriram a atuação dos militares, que após as grandes mobilizações em Porto Alegre contra a condenação em segunda instância do presidente pelo Tribunal Regional Federal, tomaram conta do segundo estado mais importante do país, o Rio de Janeiro, quando viram a polarização política expressa no carnaval.

A luta política foi se acirrando em volta do problema Lula, e os militares foram obrigados a sair do armário. No início de Abril deste ano, quando o pedido de habeas corpus de Lula ia ser julgado no Supremo Tribunal Federal, o comandante-chefe das Forças Armadas, Villas-Boas, fez uma declaração em seu twitter ameaçando intervir na situação caso fosse concedido o HC de Lula – declaração esta que foi acompanhada de diversas declarações de apoio por dezenas de outros militares, como por exemplo o General Paulo Chagas, que inclusive ameaçou em cartas os próprios juízes que haviam votado favoravelmente ao ex-presidente, como afirma uma reportagem da Carta Capital.

A partir daí ficou claro que os militares estavam tomando conta da situação política, inclusive ameaçando o próprio Tribunal Superior Eleitoral para que não permitisse que Lula concorresse às eleições; ou se não atuando diretamente para acabar com a greve dos caminhoneiros que quase derrubou o regime golpista. Os militares começaram a tomar pouco a pouco as principais instituições, nomeando o diretor da Polícia Federal, tendo membros nos ministérios do governo federal, e também, com a ascensão de Dias Toffoli para a presidência do STF, controlando o principal órgão judiciário do país, já que Toffoli colocou como assessor o general Fernando Azevedo e Silva.

Agora, durante as eleições, também os militares procuram intervir na situação política, lançando diversos candidatos, aumentando sua bancada nas câmaras legislativas, como comprovam os dados. Mas também espionando as movimentações em torno da campanha eleitoral do PT, principal partido de esquerda da América Latina. E também se alinhando com a candidatura de Jair Bolsonaro, que já anunciou o General Heleno como futuro ministro de defesa de seu governo.

Mas a ofensiva continua. Com a criação do novo grupo especializado, chamado de Força-Tarefa, fica claro a minuciosidade do imperialismo que entende que a necessidade de bem organizar o golpe, pois um golpe militar fracassado pode enfraquecê-los exponencialmente na situação política, como foi no caso da Turquia em que a população saiu às ruas para barrar o golpe de estado.

Por isso, estão preparando o terreno para dar o golpe. E uma vez dado o golpe, o general Sérgio Etchegoyen já terá todo um aparato de repressão montado para reprimir e espionar a esquerda, os movimentos sociais, o movimento operário e as organizações populares de luta contra o golpe. Este é o objetivo da Força-Tarefa criada por Temer.

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