Com muitos meses de atraso e de forma muito confusa, a esquerda nacional parece estar abraçando a palavra de ordem e a luta pelo “Fora Bolsonaro”. Os últimos acontecimentos relacionados à crise aberta com o pedido de demissão do agora ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, o ex-juiz golpista que comandou a fraudulenta e persecutória operação “Lava Jato”, Sérgio Moro, precipitou uma avalanche de pedidos de impeachment e outros recursos para afastar o presidente direitista, cada vez mais isolado.
Neste cenário, setores da própria burguesia já articulam o afastamento de Bolsonaro, obviamente acenando com uma saída institucional para a crise, vale dizer, apontando o vice Hamilton Mourão como sucessor legal do presidente titular. Já são mais de vinte pedidos de impeachment que chegaram à mesa do presidente da Câmara Federal, o deputado direitista Rodrigo Maia (DEM-RJ), terceiro na linha sucessória à cadeira presidencial.
Imersa em todo o último período na mais completa paralisia e inércia, vários setores da esquerda se pronunciaram depois da exoneração de Sérgio Moro, destacando as graves acusações do ex-ministro contra Jair Bolsonaro. Até mesmo setores da direita, tradicionais aliados do bolsonarismo, se manifestaram ressaltando a gravidade das denúncias, “cobrando investigações e providências”, como foi o caso dos governadores João Dória (SP) e Wilson Witzel (RJ), dentre outros.
No que diz respeito ao posicionamento dos vários setores de esquerda, que muito tardiamente se manifestam a favor de alguma solução que afaste o presidente fraudulento, o que se vê é a mesma situação do período anterior, marcado pela paralisia, confusão e inércia. Desta forma, não há qualquer iniciativa para denunciar a manobra que já está em curso e que vai na direção de uma saída antipopular, golpista e antidemocrática para o impasse gerado pela crise institucional.
Até mesmo aqueles setores que nunca se posicionaram claramente e até se mostraram contrários a levar adiante a luta pelo “Fora Bolsonaro”, aparecem agora com formulações supostamente “radiciais e esquerdistas”, como é o caso dos que levantam a consigna “Fora Bolsonaro e Mourão”. Esta formulação é não só confusa como o desfecho conduz à alternativa “Rodrigo Maia”, que depois do vice, aparece como o próximo na linha de sucessão.
Diante deste emaranhado de confusão, onde proliferam as mais disparatadas formulações, a única perspectiva consequente é a luta para colocar em movimento uma ampla unidade todos os setores explorados, do conjunto da classe trabalhadora em torno ao “Fora Bolsonaro”, fora todos os golpistas, por novas eleições gerais, assegurado os direitos democráticos e a candidatura do ex-presidente Lula.