Uma greve geral contra a política econômica do presidente golpista Maurício Macri deixou as ruas vazias em Buenos Aires e várias cidades da Argentina, nessa quarta-feira, dia 29. A paralisação de um dia, segundo alguns jornais da própria burguesia, foi uma das maiores dos últimos tempos. Todos os setores de transporte pararam: trens, aeroportos, ônibus e metrô. A paralisação contou com a adesão dos trabalhadores bancários, professores e até mesmos os hospitais atenderam apenas emergências, segundo informações do El País.
Fato é que esta foi mais uma manifestação contrária ao governo golpista de Macri. Essa pressão das ruas se junta à queda vertiginosa dos índices de popularidade – que como no Brasil são dados controlados pela burguesia – às vésperas das eleições presidenciais argentinas.
A greve foi convocada pelos sindicatos, movimentos populares e a esquerda do País e tinha como principal mote a política econômica do fantoche norte-americano. Na realidade, assim como no Brasil, a política das massas, cada vez mais mobilizadas, é a derrubada do governo, coisa que as direções dos movimentos e organizações se recusam a falar e insistem em canalizar a luta para questões econômicas. O Fora Macri é palavra de ordem que deveria ser o centro da política para as massas nesse momento.
A greve geral na Argentina é mais sintoma da enorme crise que toma conta do País. O golpe de Estado que colocou Macri no poder através das eleições manipuladas e fraudadas pela direita está levando o País à catástrofe social. Esse é um resultado da política econômica neoliberal que o representante do imperialismo tenta impor à maioria do povo.
É o anúncio do que deve acontecer no Brasil e, em grande medida, já está acontecendo: basta uma análise dos últimos dois gigantescos atos contra o governo Bolsonaro.
Macri foi colocado no poder em 2015, portanto antes do golpe no Brasil, para impor a política neoliberal de destruição do País. A mesma política para a qual Dilma Rousseff foi derrubada, Michel Temer assumiu e agora tem sua continuidade em Jair Bolsonaro. A crise do governo Macri revela algo importante sobre o Brasil. Diferente de Bolsonaro, que aparece como um ser grotesco e extravagante de extrema-direita, Macri era o representante “oficial” e direto da burguesia pró-imperialista argentina. Macri seria assim como Aécio Neves fora nas eleições de 2014 ou até a consolidação do golpe e como foi Geraldo Alckmin nas eleições de 2018.
A burguesia argentina conseguiu emplacar com maior facilidade seu “plano A”, o que não aconteceu no Brasil. O “plano B” Bolsonaro acabou unificando toda a burguesia na medida em que o candidato oficial, Geraldo Alckmin mostrou um completo fracasso eleitoral até mesmo nas eleições extremamente fraudadas. Essa caracterização é importante para revelar que a crise política do governo Bolsonaro não tem nada a ver com alguma característica individual dele, mas um resultado da política econômica neoliberal que tanto Macri como Bolsonaro, ou ainda Aécio Neves, Geral do Alckmin e Cia. procuram implementar.
Portanto, a substituição de Bolsonaro por outro golpista, seja ele Mourão ou qualquer elemento do chamado “centrão” não resolverá o problema da crise política.
A Argentina mais uma vez prenuncia o que pode acontecer no Brasil. No próximo dia 14 de junho, está marcada a greve geral no Brasil, que tende a ser uma enorme mobilização já que foi preparada por dois gigantescos atos no dia 15 e 30 de maio. Assim como Macri, Bolsonaro e todos os golpistas estão na corda bamba. Assim como no Brasil, se a oposição e a esquerda na Argentina continuarem se recusando a exigir o Fora Macri e a derrubada do governo, poderão deixar passar novamente o golpe e levar o povo a uma derrota e ao aprofundamento da política de destruição nacional.