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Doria ataca estudantes

Fora Doria! Sair imediatamente às ruas contra o genocídio em SP

Sem poder contar com entidades estudantis, os setores mais vanguardistas da juventude devem, desde já, começar a mobilização da comunidade escolar contra o genocídio

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), decretou no último dia 17 que as escolas constituem um serviço essencial, o que, na prática, acaba com a suspensão das aulas presenciais e impede as escolas de fechar, independente da situação em que se encontrar os contágios pelo coronavírus no estado.

Com isso, mais de 4 milhões de estudantes devem ser obrigados a retornar às salas de aula no pior momento da pandemia desde a chegada do coronavŕius no Brasil, em março deste ano.

O anúncio se dá em meio a diversos dados que comprovam a situação de descontrole da pandemia no estado, incluindo o primeiro caso de reinfecção (em uma mulher na cidade de Fernandópolis), o crescimento em 100% do número de crianças (0 a 14 anos) internadas por Covid-19 na capital paulista, de 25 para 50 entre outubro e novembro.

Além disso, mesmo com as escolas fechadas e evidenciando que nada está sendo feito em relação aos contágios, este mesmo Diário noticiou o fato de que quase 30% dos infectados pelo coronavírus em São Paulo têm menos de 30 anos.

Finalmente, a taxa de ocupação de leitos de UTI chegou a 61,1% no estado e 66,5% na Grande São Paulo ontem.

“O retorno seguirá as medidas sanitárias segundo análise criteriosa da Secretária do Estado de Educação. A decisão é embasada em experiências internacionais e nacionais e tem por objetivo garantir a segurança dos alunos, professores e funcionários da rede pública e privada de todo o estado de São Paulo”, explicou Doria.

 

“O dia mais feliz da minha vida”

 

A imprensa golpista foi praticamente unânime. Os principais órgãos da burguesia adotaram um tom supostamente neutro, destacando dados genéricos como o plano de fases, porém ignorando dados sobre os contágios e mortes -todos duvidosos, diga-se de passagem-.

De propriedade do Grupo Globo, o G1 destacou em seu sítio que houve uma “flexibilização” da quarentena e trouxe a fala do secretário de Educação, Rossieli Soares:

“A gente está olhando para o que o mundo está fazendo, países que optaram por fechar outros seguimentos, mas que estão mantendo como o caso da França, a Irlanda, que foi o primeiro a falar de lockdown mesmo neste momento de aumento de casos, mas mantendo as escolas abertas. Se tivermos que optar, nós vamos optar pela educação, isso tem que ser uma opção da nossa sociedade”.

Curiosamente, enquanto Soares mencionava “o que o mundo está fazendo”, a Alemanha anunciava quase 1.000 mortos em 24 horas. Há poucos dias, o país era tido como exemplo até se tornar um dos mais atingidos pela pandemia na Europa, levando o regime alemão a fechar tudo, inclusive escolas, até 10 de janeiro.

A Folha de São Paulo traz na matéria “MEC e entidades defendem retorno imediato das aulas presenciais na educação básica” a indicação de uma frente ampla em favor do genocídio nas escolas, envolvendo o governo federal e estadual, a matéria destaca que “especialistas na área da saúde defenderam nesta quinta-feira (17) o retorno imediato das aulas presenciais na educação básica, mesmo sem a vacinação de alunos e professores.”

O Estadão também traz falas de Rossieli Soares, que se disse  “emocionado quando falo da volta às aulas pela certeza de que a sociedade precisa defender isso como prioridade”. Adotando um tom geral positivo, o jornal equivocou-se ao defender que “países como Alemanha mantiveram os colégios funcionando”. O país europeu vinha de fato mantendo as escolas abertas, mesmo em meio a segunda onda, mas viu-se obrigado a suspender as aulas presenciais diante do surto de contágios e mortes.

O imperialista El País, um dos mais destacados propagandistas da ciência favorável ao genocídio nas escolas, limitou-se a dar notas técnicas sobre o tema, seguindo a linha geral da imprensa capitalista.

 

“Negacionistas”, “científicos”… Burgueses!

 

A manobra adotada por Doria já havia sido usada pelo também tucano e “científico” governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja. Porém, deve-se lembrar que antes dos “científicos” tucanos, o “negacionista” Jair Bolsonaro já havia usado do artifício para que até mesmo salões de beleza voltassem a funcionar em meio à pandemia, o que lhe valeu rótulos como o aplicado pelo prefeito Bruno Covas (PSDB).

A decisão de forçar a reabertura das escolas, “morra quem morrer”, mostra quão tênue era a linha que separava “negacionistas” e “científicos”. Até mesmo o tipo de manobra adotado pelo bolsonarismo foi copiado pelos “científicos”.

Cumpre lembrar que, na prática, o que Doria e demais setores da direita tradicional fazem não é apenas reabrir as escolas, mas também impedir que fechem futuramente, inclusive restringindo o direito de greve dos estudantes, funcionários e estudantes.

Nesse sentido, o decreto ataca a comunidade escolar em duas frentes: a mais óbvia, pela via do impulso ao genocídio, consequência natural da política de obrigar a aglomeração de jovens. Por outro, impulsiona o fascismo, cerceando os direitos políticos da comunidade.

Com esta caracterização, fica evidente que tanto os setores centristas da direita, os chamados “científicos”, quanto a extrema-direita, os “negacionistas”, podem se distinguir quanto à forma mas têm a mesma disposição em atacar a população das maneiras mais bárbaras, conforme o interesse da classe que ambos os setores da direita representam: a burguesia.

Entidades estudantis de férias

 

Até o fechamento desta matéria, às 18:30 do dia 17, as principais entidades estudantis do País, UNE (União Nacional dos Estudantes), UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) e UEE-SP (União Estadual dos Estudantes de São Paulo) não haviam se pronunciado sobre o ataque de Doria contra os estudantes.

Nas redes sociais, as páginas da UNE no Facebook e no Twitter chamam uma mobilização virtual sem sentido em torno da votação do Fundeb na Câmara dos Deputados. Absolutamente nenhuma palavra da maior entidade estudantil do País sobre o decreto fascista de Doria, apenas uma série alucinada de chamados a “tuitaços” para defesa da educação em abstrato.

Na mesma linha, nenhuma informação ou posicionamento a respeito pode ser encontrada nos perfis administrados pela UBES e a UEE SP, demonstrando o quão desconectados de suas bases as direções destas importantes organizações se encontram.

 

É preciso ir às ruas contra a reabertura!

 

Mesmo os dados manipulados e falsos produzidos pelo governo, não deixam dúvidas quanto ao fato desta reabertura acontecer no pior momento da pandemia desde a chegada do vírus. O ataque de Doria contra os estudantes, professores, funcionários da educação e familiares dos alunos coincide com notícias alarmantes sobre a situação da pandemia em São Paulo e no País inteiro. Isto demanda uma ação enérgica dos estudantes!

Com a clareza de que as principais organizações estudantis não farão absolutamente nada a respeito, os estudantes devem se organizar, convocar contatos, acionar os comitês estudantis de luta para mobilizar a categoria e ir às ruas protestar contra a política genocida de Doria e pela suspensão do calendário escolar, tendo ainda a clareza de que o governador tucano tentará um novo ataque tão logo se sinta seguro para tal, o que implica na necessidade de tirá-lo do Palácio dos Bandeirantes.

Professores, funcionários e familiares, todos devem também ser mobilizados nesta luta de vida ou morte que ameaça sobretudo, os setores mais pobres da comunidade escolar, quase a totalidade das vítimas fatais de uma pandemia controlada em países onde o interesse popular se sobrepõe aos interesses da burguesia.

Todos os setores mais conscientes devem trabalhar pela mobilização e para convocação de protestos de rua, por “Fora Doria” e pela suspensão das atividades escolares até o fim da pandemia. Às ruas!

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