Fora Bolsonaro: “Nós não somos escravos nem vivemos em uma ditadura”, afirma médica cubana

Da redação – Com o fim da participação dos profissionais de Cuba no programa Mais Médicos, em reação às imposições políticas do golpista Jair Bolsonaro (PSL), uma médica que atuou anos em Ibirataia (BA), Neibis Lopez Clabel, decidiu se pronunciar publicamente sobre os fatos em uma nota oficial.

Como todos os médicos cubanos são muito bem formados, tanto científica quanto politicamente, sob uma ideologia socialista, Neibis – e tantos outros – tem recebido homenagens por parte de pacientes que atendeu durante um ano e meio no município que tem graves deficiências na área de saúde.

Os médicos cubanos, tanto quanto a medicina cubana, são respeitados em todo mundo por sua excelência. O país, mesmo vivendo décadas sob um bloqueio econômico criminoso dos EUA, chegou a posição de melhor formação em medicina do mundo com muito trabalho da Revolução Cubana, do povo organizado para o bem-estar de sua própria classe trabalhadora.

Neste sentido, esses verdadeiros médicos foram enviados ao Brasil para um trabalho fundamental, chegando em diversas regiões mais pobres, longínquas, onde, como se sabe bem, os médicos brasileiros, por questões de classe, não aceitavam trabalhar mesmo com salários altos – no mínimo R$ 15 mil . A formação de medicina do Brasil é bem diferente da acessibilidade de Cuba ao seu povo, onde todo trabalhador pode se formar um médico. Como a burguesia brasileira é serviçal do imperialismo norte-americano, ou faz parte de oligarquias regionais – escravocratas ainda hoje -, aqui as universidades, historicamente, não tem acesso aos principais cursos que são dominados pela burguesia, como: engenharias em geral, medicina, arquitetura e etc. A maioria negra do Brasil não está nos cursos de medicina, como bem se sabe, pois esses, sempre foram restritos aos filhos da burguesia, até a entrada do PT que começou uma pequena abertura nesse campo com a criação das Universidades Federais que já estão sendo destruídas pelos golpistas.

Outro fator muito importante a ser assinalado contra a hipocrisia e a falsidade total dos fatos pregada pela direita e extrema-direita, é que esse profissionais cubanos evitaram tecer qualquer comentário de fundo político ou administrativo durante esses anos, já sabendo como a direita trabalha contra regimes de esquerda e diferente do que o próprio Bolsonaro disse falsamente que seriam agentes infiltrados no Brasil. Assim, alguns desses médicos, após o golpe contra Dilma Rousseff e a atual situação, resolveram se posicionar contra a extrema-direita inimiga dos trabalhadores.

A médica Neibis Lopez Clabel:

Segue a nota na íntegra:

Depois de 1 ano e 5 meses no município de Ibirataia, Bahia, ficando fora dos comentários relacionados a temas políticos no Brasil, hoje decidi me projetar após ler publicações feitas sobre o governo cubano e o Programa Mais Médicos. “Se seu país não garante saúde, educação, justiça e cultura, então por que você sente que pode falar mal de Cuba?”

Só para esclarecer, achamos que nenhum dos brasileiros têm mais conhecimento do nosso país e de nosso governo que a gente. As condições de Jair Bolsonaro (apesar que ainda não é o presidente do país):

  1. PROVA DE PROFICIÊNCIA

– Essa exigência não faz sentido. O convênio efetuado entre Brasil e Cuba, via OPAS, preconiza a prestação de serviços médicos. Os médicos não vieram voluntariamente “procurar emprego” aqui. Não há qualquer tipo de vínculo formal entre o governo brasileiro e os médicos cubanos. Nós viemos a trabalho, em missão, tendo sido escolhidos pelo governo cubano e estando sob responsabilidade deste. Não temos problema nenhum em fazer exame de revalida sempre que fosse um requisito no início do contrato. Achamos que depois de 5 anos de trabalho dentro do Brasil com resultados positivos nos indicadores de saúde do município é falta de respeito à nossa integridade solicitar esse exame.

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  1. SALÁRIO INTEGRAL PARA OS MÉDICOS CUBANOS

– Quando a gente veio assinamos o contrato ciente da porcentagem de salário que íamos receber e sabendo que o dinheiro que vai para o país é utilizado para a saúde e a educação de nosso povo, porque antes de nós sermos médicos outros profissionais de saúde estavam trabalhando para garantir a nossa formação, agora é nossa vez de contribuir para as próximas gerações.

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  1. LIBERDADE PARA TRAZER AS FAMÍLIAS

– Esse, como os outros dois pontos, é mais um mito que não se sustenta em pé. Não há impedimento para que as famílias de cubanos venham ao Brasil ou possam se dirigir a qualquer outro país. Só que os familiares, óbviamente, não virão junto com os médicos, que, como dito, vêm a serviço. Mas sim, há diversos médicos cubanos com famílias no Brasil, seja vivendo ou tendo visitado este país.

Nós não somos escravos nem consideramos que vivemos em uma ditadura, muito pelo contrário, somos trabalhadores, responsáveis, humanos, pessoas formadas no conceito que nossa melhor recompensa é o bem estar de nossos pacientes e não o lucro que poderíamos obter deles.

Quero agradecer  a aquelas pessoas das quais recebi muito apoio e carinho durante minha estância. Vocês sempre estarão no meu coração.

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