Quando se fala de luta pelo poder, a esquerda brasileira, em especial os agrupamentos da esquerda pequeno burguesa estabeleceram como norma a esquiva política, afiançando ruidosamente uma posição, mas escamoteado às conclusões fundamentais da posição política adotada. Esse método se repete diante do fracasso do governo Bolsonaro.
Ao passo que a crise se aprofunda, a palavra de ordem de Fora Bolsonaro é cada vez mais popular, o que levou a esquerda parlamentar e mesmo a ” esquerda radical”, depois de um formidável atraso, a fretar com o Fora Bolsonaro, aproximando-se mais da realidade.Apesar de ser um passo a frente, ainda tem uma série de limitações.
Primeiramente não existe uma campanha popular de mobilização popular pelo Fora Bolsonaro. Em segundo lugar, a questão mais grave e importante é que a esquerda parlamentar e a “radical” continua a reboque da direita. Assim, na definição dos mecanismos para derrubar o governo e o que se propõe colocar no lugar é sintomático do seguidismo política à burguesia que impera na esquerda.
Dessa forma, uma parte da esquerda parlamentar defende que o mecanismo fundamental para garantir a saída de Bolsonaro passa pela abertura do processo de impeachment no Congresso Nacional dominado pelo centrão. Esta é posição da esquerda institucional é representada por uma parcela de parlamentares do PT e do PSOL. O impeachment de Bolsonaro teria como resultado a posse do vice, Mourão Filho. Como resultado político, teríamos a manutenção da política bolsonarista sem Bolsonaro.
Do mesmo modo, a esquerda pequeno burguesa ( PSTU, setores do PSOL e PT) apresenta a posição de “ Fora Bolsonaro e Mourão”, acontece que essa palavra de ordem não propoe a convocação de novas eleições, o que na prática permite que o poder passe para os golpistas que controlam o Congresso Nacional, e são cumplices de Bolsonaro nos ataques aos trabalhadores. Não convocar novas eleições seria indicar que o Centrão, através de Rodrigo Maia, como presidente da Câmera dos Deputados assuma no lugar de Bolsonaro.
Após a participação de Bolsonaro nos atos pedido o fechamento do congresso e do STF no último dia 19 de abril, a esquerda pequeno burguesa que se contentam em “ mobilizar” pelo Fora Bolsonaro nas redes sociais e batendo panelas nas janelas dos apartamentos estão cada vez mais exasperadas.
“ É preciso que os partidos de oposição e as organizações da classe trabalhadora coloquem em marcha uma ampla campanha de massa pelo Fora Bolsonaro e Mourão. É preciso um dia unificado de protesto, se não é possível ir às ruas, façamos nas janelas de todo o país, reunindo também os trabalhadores dos setores não-essenciais obrigados por seus patrões e o governo a trabalharem. Fora Bolsonaro e Mourão! “ (fora-bolsonaro-e-mourao-ja-em-defesa-da-vida-e-contra-autogolpe/ site pstu)
Chama atenção não somente o caráter da proposta, mas a completa falta de ação mobilizadora da “luta” proposta pelo PSTU para fazer frente a escalada golpista de Bolsonaro. “ O gesto de Bolsonaro neste domingo reafirma a necessidade de uma campanha de massa para retirá-lo de lá” (idem). Observe que “a campanha de massa para retirá-lo de lá “ é completamente imobilista, pois propõe que os “ partidos da oposição e as organizações da classe trabalhadora” derrubem um governo através de um protesto de um dia nas janelas. “É preciso um dia unificado de protesto, se não é possível ir às ruas, façamos nas janelas de todo o país”. Essa proposta seria cômica se não fosse trágica.
Entretanto, a questão de fundo é conteúdo da proposta morenista ( e seus colegas da esquerda pequeno burguesa) para luta pelo poder. Neste ponto não deixa de ser curioso como o PSTU é o partido das fórmulas aparentemente radicais, mas no fundo completamente ocas, e invariavelmente servem para ocultar uma profunda capitulação política.
De tal modo, “Fora Bolsonaro e Mourão” não coloca de forma alguma uma alternativa democrática para a falência do governo Bolsonaro. Isso devido ao fato que não defender a convocação de novas eleições, como faz o PSTU, isso significa efetivamente a entrega do poder para o centrão, através de Rodrigo Maia. A política correta não pode ser ficar a reboque da direita, mas intensificar a luta pelo Fora Bolsonaro, e pelo fora todos os golpistas com a convocação de eleições gerais