A proximidade com as eleições municipais apresenta-se como a oportunidade para a esquerda lutar contra o regime genocida do presidente ilegítimo Jair Bolsonaro e avanço do fascismo no País, denunciando a continuidade do processo golpista iniciado em 2016 e que ganha novo capítulo nas eleições presidenciais de 2018, marcada por uma série de fraudes, entre as quais, a prisão política de Lula, candidato apoiado pelo amplo conjunto da população e da classe trabalhadora, e posteriormente, a cassação de seus direitos políticos, ainda suspensos.
A direita, interessada no esvaziamento político mais amplo possível, se habituou a tratar a questão eleitoral das cidades sob uma ótica tecnocrática, onde deve imperar a figura do “gestor” dedicado a “questões fundamentais da vida dos cidadãos, como transporte público, limpeza urbana, saneamento básico e urbanismo” (Estadão, A importância das eleições municipais, 17/7/2020), o que claro, cumpre um objetivo político.
Curiosamente, este também é o entendimento dos partidos da esquerda pequeno-burguesa, a exemplo do que postulou o presidente do PSOL, Juliano Medeiros: “As pessoas nos municípios querem saber do posto de saúde, da escola”. A declaração foi dada em entrevista ao Poder 360 (30/42020) mas sintetiza a despolitização envergonhada promovida pelo amplo conjunto deste setor, sendo característico da dependência política da pequena burguesia em relação à burguesia.
Obviamente, a realidade é outra. Prefeitos são, acima de tudo, lideranças políticas. Nesse sentido, as eleições municipais podem e devem ser usadas para promover um grande debate a respeito do golpe, as consequências da política desenvolvida pela direita após a derrubada ilegítima da presidenta petista Dilma Rousseff e o conjunto de ataques que continuam colocando a classe trabalhadora do País sob ameaça constante, pela perda de direitos, pelo empobrecimento, pela doença e pela morte.
A esquerda deve sair da defensiva posta pelo golpe e lutar contra o avanço fascista, usando para isso o espaço de que dispõe durante o período eleitoral para realizar uma agitação popular contra a profunda submissão a que o Brasil se encontra em relação aos interesses imperialistas, que atendem a burguesia, deixando migalhas cada vez menores à pequena burguesia e um vertiginoso empobrecimento da população trabalhadora e pobre, que ainda precisa lidar com a crise sanitária de maneira praticamente solitária, contando, se muito, com a caridade alheia enquanto assiste trilhões de reais dos recursos públicos enriquecendo aqueles que pregam a despolitização do debate eleitoral municipal.
Que as eleições sejam usadas para reafirmar a política classista, interessada nos trabalhadores, contra acordos oportunistas em busca da desmobilização popular, pela reafirmação da luta das massas contra o golpe, pelo Fora Bolsonaro, o fim imediato do regime golpista e a convocação de novas eleições gerais.