Na última segunda-feira (12), o jornal Folha de S. Paulo publicou um artigo que, só pelo título, já é de causar grandes espantos à qualquer cidadão trabalhador brasileiro: “Brasil gastou mais do que podia e precisava no combate à pandemia”.
A matéria traz uma série de argumentos notavelmente demagógicos visando falsificar completamente a situação da pandemia no país. É, acima de tudo, uma continuação da campanha que a imprensa burguesa tem levado para mascarar a atuação da burguesia dentro da presente crise sanitária e, além disso, isolar o PT dentro da atual conjuntura política.
Logo no começo, o artigo apresenta uma suposta atuação verdadeiramente heróica dos governos federal e estadual durante a crise, afirmando que isso levou a que a questão fiscal brasileira voltasse a causar preocupação entre setores da sociedade. Ademais, “relembra” que a origem e a piora do déficit fiscal no PIB do país seriam resultados diretos dos investimentos escabrosos feitos durante os governos Dilma e Lula, acima disso, das “irresponsáveis” pedaladas fiscais de Dilma que, segundo a Folha, resultaram no fim de seu mandato.
Antes de qualquer coisa, é francamente impossível vislumbrar qualquer tipo de atuação efetiva por parte dos governos no combate contra o novo coronavírus. A burguesia pregou um isolamento social completamente parcial (para a minoria da sociedade que podia “ficar em casa”), no qual milhares de pessoas continuaram a ir às ruas para trabalhar, sem qualquer tipo de auxílio real por parte dos golpistas. Prova cabal disso é a cifra de mais de 152 mil mortos, que evidencia que não houve qualquer ação efetiva contra a doença nem investimentos públicos adequados, nada. Afinal de contas, nem teste o Brasil tem!
Nesse sentido, a defesa incondicional que a Folha faz ao auxílio emergencial é completamente infundada. Segundo a imprensa golpista, teria sido principal frente de atuação do governo federal durante a pandemia e, além disso, extremamente eficiente para combater a crescente pobreza e desemprego com a qual a população já sofre desde o golpe. Um primeiro ponto é que grande maioria da classe trabalhadora não recebeu o dinheiro proveniente da medida. Em segundo lugar, chega a ser irônico afirmar que R$600 no meio de uma das maiores crises econômicas já vistas conseguem salvar as economias de um trabalhador.
Finalmente, a atual crise financeira vem em decorrência da negligência do governo federal, e não de uma atuação positiva por parte do mesmo. O artigo publicado pela Folha deixa bem claro qual é a pretensão da burguesia durante a crise: impedir grandes perdas por parte de suas empresas e, consequentemente, gastar o mínimo possível com o povo. Sem contar que, no atual estágio da recessão, o que a burguesia planeja é a reabertura total, mesmo que isto custe a vida de centenas de milhares de pessoas.