A burguesia pró-imperialista latino americana e aqueles que lhes dão voz e espaço na imprensa (os monopólios capitalistas que controlam os meios de comunicação golpistas) vem fazendo um esforço hercúleo para tentar conferir legitimidade aos movimentos organizados pela extrema direita no continente, buscando com isso transformar ações tipicamente fascistas e minoritárias, em manifestações supostamente populares.
Foi assim no Brasil em 2015/16, onde a extrema direita colocou em movimento uma malta de desclassificados morais, fascistóides, que ocuparam as ruas do país, realizando manifestações que pediam a deposição (impeachment) do governo petista eleito pelo voto popular em 2014. As tais “manifestações” nunca foram atos verdadeiramente populares, mas ajuntamento de direitistas “mobilizados” pela grande imprensa capitalista (Globo News, Band, Record, SBT e outras) para atacar ideologicamente a esquerda nacional, sob a mal disfarçada cobertura do discurso de luta contra a corrupção.
O fato é que nunca houve qualquer apoio verdadeiramente popular ao golpe de Estado orquestrado pelo conjunto das forças reacionárias e direitistas do país. A ocupação das ruas pela classe média fascista brasileira, portanto, não passou de uma operação engendrada pelo imperialismo e seus consorciados tupiniquins para legitimar o golpe e posteriormente instalar no país um governo abertamente fascistóide, resultado da mais vil e grotesca fraude contra o eleitorado nacional e a população.
Na Venezuela, a operação farsesca é a mesma, onde os capitalistas que exercem o controle sobre os órgãos de imprensa – lá e aqui – buscam legitimar um representante da extrema direita pró-imperialista (Juan Guaidó) como opositor popular ao governo do presidente legítimo Nicolás Maduro. Várias tentativas de golpe (todas financiadas pelo imperialismo ianque) já foram levadas a efeito contra o regime chavista-bolivariano. Os apoiadores do “opositor” Guaidó nunca foram além de um punhado desprezível de direitistas, sem qualquer apelo popular.
Neste momento agora, a mesma farsa se manifesta na vizinha Bolívia, que vice um golpe de Estado desde o início do mês, quando os militares reacionários golpistas “recomendaram” ao presidente reeleito, Evo Morales, que renunciasse ao cargo de presidente, ainda com o mandato em vigor. Aplicando o mesmo receituário golpista, a extrema direita do país altiplano recusou-se a aceitar o resultado das urnas e partiu para a solução que lhe é familiar, acionando os bandos fascistas para ameaçar, agredir e assassinar a população apoiadora de Morales.
Aqui no Brasil, um dos porta-vozes mais ativos da empreitada golpista que derrubou o governo eleito pelo voto popular, o jornal Folha de S.Paulo, em sua tentativa de “interpretar” os fatos ocorridos na Bolívia, publicou em sua página eletrônica (sítio UOL), entrevista com uma socióloga brasileira, radicada no país vizinho, Fernanda Wanderley, professora da Universidade Católica Boliviana, onde a acadêmica, sob medida para o periódico golpista brasileiro, declara que “os protestos que se iniciaram logo depois das eleições presidenciais de 20 de outubro ocorreram de maneira espontânea em várias cidades do país (UOL, 27/11). Nada mais falso, nada mais farsesco. Os protestos e as manifestações que se seguiram ao resultado das eleições, que revelaram a vitória do candidato do MAS, Evo Morales, não tiveram qualquer conteúdo espontâneo, mas foram convocadas pela extrema direita do país, liderada por Luiz Fernando Camacho, encabeçador da violência fascista contra a população indefesa.
Os golpistas da imprensa nacional – a “Folha” tem lugar de destaque nessa galeria – buscam interpretar os fatos e acontecimentos contra os governos populares de esquerda do continente latino como movimentos legítimos, populares, de “defesa da democracia”, em oposição ao “autoritarismo antidemocrático” da esquerda. Uma farsa que não se sustenta, pois nunca foram movimentos legitimamente democráticos, populares as mobilizações da direita, mas manifestações com caráter e conteúdo claramente artificiais, fascistas, organizados e financiados pelos capitalistas, em estreita conexão com o imperialismo.