No ano passado, segundo dados da ANP (Agência Nacional de Petróleo), o Brasil exportou 410 milhões de barris de petróleo, a maior parte para a China. Atualmente, 70% da exportação do petróleo brasileiro é absorvido pela China. O Brasil já é o 3º maior fornecedor da China, superando, inclusive, o Iraque, hoje em 5º colocado, estando atrás somente da Arábia Saudita, que recuperou o primeiro lugar depois de perder nos dois meses anteriores para a Rússia.
Segundo os dados da Administração Geral de Alfândega da China, as importações do petróleo brasileiro alcançaram a marca de 4,49 milhões de toneladas, contra 2,96 milhões de toneladas de 1 ano antes. Foram 33,69 milhões de toneladas de petróleo brasileiro, o volume importado pela China, de janeiro até agora, o que representa um aumento de venda do Brasil para a China de 15,6% em relação ao ano anterior, de acordo com a Reuters.
A Arábia Saudita ficou com 63,57 milhões de toneladas, 6,5% a mais no ano, e a Rússia com 7,48 milhões de toneladas no mês passado, de 18,6% em relação ao ano anterior. E durante os primeiros nove meses de 2020, a Rússia é a que mais vendeu com 64,62 milhões de toneladas, 16% acima do nível do ano anterior.
Por outro lado, também no ano passado, o Brasil importou cerca de 68 milhões de barris, na maior parte de países da África e do Oriente Médio. O país também importa derivados de petróleo, como gasolina e, principalmente, diesel.
Isso, contudo, parece uma contradição, já que o Brasil é considerado autossuficiente em petróleo. Por isso a pergunta: por que o Brasil ainda precisa importar o recurso?
Segundo os especialistas, a resposta está com as refinarias brasileiras. Isso porque, além de não ter a capacidade de refinar o petróleo brasileiro sozinhas, elas estão subutilizadas. Dados revelam que em 2018, a capacidade ficou ociosa em 25%.
Com 17 refinarias de petróleo, o Brasil tem a capacidade para processar 2,4 milhões de barris por dia. A Petrobras responde por 98,2% da capacidade total, com as suas 13 refinarias das 17.
O professor Eduardo Costa Pinto, do instituto de economia da UFRJ e pesquisador do INEEP (Instituto de Pesquisa do Setor Petróleo), diz que se a Petrobras aumentasse o nível de utilização das refinarias, a empresa poderia reduzir as importações. “A Petrobras poderia abaixar um pouco o preço, mas teria que produzir mais para atender o mercado interno, e assim dependeríamos menos da importação de derivados. Mas essa não é a estratégia atual da empresa.” Pelo contrário, segundo Eduardo, a política de preços da Petrobras, de competir de acordo com as condições de mercado, viabiliza a importação de derivados, e isso permite que os produtos de fora tenham preços competitivos com os do mercado interno, atraindo seus concorrentes, e levando os consumidores a comprarem o importado e não da produção nacional.
Com essa perspectiva, é visível a destruição do parque industrial brasileiro, principalmente das Refinarias, o que acarreta aumento do preço no bolso do trabalhador e favorecimento do capital estrangeiro. No fundo, é uma política de entrega do patrimônio nacional e das conquistas alcançadas em todos esses anos – em que o Petróleo foi, em alguma medida, nacionalizado – ao mesmo tempo que milhões de trabalhadores ficam sem emprego.
Com características ultraliberais, o presidente golpista Bolsonaro tem cumprido essa pauta demolidora, e intensificado a exploração do trabalhador, para o que foi preciso destruir a CLT e muitas conquistas adquiridas com o passar do tempo, incluindo a previdência, para castigar de forma contundente a classe operária com a sua escravização por mais tempo, abrindo caminho para o lucro desmedido do capital imperialista, em um mercado de salários achatados, com um exército de desempregados para que continue assim, e órgãos de defesa débeis.