Em Washington, durante uma palestra, a diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, alertou sobre a situação econômica mundial, que é comparável à instabilidade da década de 1920, que culminou com a crise de 1929. Entre os fatores apontados, estão a desigualdade entre ricos e pobres, a volatilidade dos mercados financeiros, as disputas protecionistas envolvendo EUA e Europa, e as questões ambientais.
A diretora foi enfática sobre o crescimento da desigualdade no Reino Unido. Muito embora a desigualdade mundial seja alarmante, para a mentalidade do banqueiro o problema não são os famintos em si, mas os riscos sociais e políticos que esta desigualdade acarreta. E o Reino Unido é um dos principais centros financeiros e políticos do capitalismo contemporâneo. Um abalo neste país costuma balançar as estruturas de dominação mundial globalmente.
Parecendo acordar do delírio neoliberal, a diretora chegou até a refletir sobre a crise de 2008, deixando entendido que não é possível deixar os mercados financeiros completamente soltos, e que “não há o que substitua uma regulamentação e supervisão de qualidade.”
Mas qualquer solução “reformista”, dentro do regime de acumulação capitalista, é mero paliativo para que os burgueses consigam estabilizar minimamente seu sistema de dominação. Os mercados financeiros já estão excessivamente inflados, e o capitalismo industrial não encontra meios de sobreviver diante de taxas de lucros decrescentes. A capacidade de explorar a mão-de-obra tem chegado aos limites, em contraste com uma experiência de organização da classe operária cada vez maior.
O capitalismo não se recuperou da crise de 2008 e já está antevendo um novo desastre. São momentos com potencial revolucionário, que devem ser aproveitados pelos trabalhadores e suas organizações na luta contra a burguesia e na tomada do poder político.