A FLIP, Festa Literária Internacional de Paraty, terá sua edição de 2020 em dezembro, data quatro meses posterior à data inicial programada, que era para o final de julho ao início de agosto. Ao contrário dos outros anos, a feira terá uma edição virtual. Lembrando que é o evento é uma dos mais importantes da cena cultural.
A décima oitava edição do festival será composta de várias maneiras, desde vídeos gravados a eventos ao vivo, e a transmissão será feita tanto em plataforma própria quanto nas plataformas de mídia social. O evento contará com autores do mundo todo, tendo o representante brasileiro, Itamar Vieira Junior (autor de Torto Arado) e muitos outros autores de países estrangeiros.
A festa terá duração de 4 dias, de 3 a 6 de dezembro, duas a três mesas por dia e um total aproximado de 15 autores. O evento contará com uma variedade de formas de transmissão e será exclusivamente online.
A FLIP não terá autor homenageado e também não terá um curador, símbolos dos 17 anos do evento. O evento irá homenagear as vítimas da pandemia do coronavírus, pois, como disseram os organizadores, o evento está sendo feito de forma atípica e por uma boa razão, a pandemia que vitimou mais de 1 milhão de pessoas mortas no mundo. Outra mudança, talvez positiva, seja que nesse ano tudo será gratuito, sem nenhuma cobrança de ingresso. Claro, são boas notícias já que o evento foi cercado por controvérsias desde novembro do ano passado.
A edição teria um autor estrangeiro homenageado pela primeira vez no evento desde sua criação, a homenageada seria Elizabeth Bishop, autora que declaradamente apoiava a ditadura militar de 64 no Brasil. Tal ato explicita a penetração do fascismo na festividade e na arte em geral. Esse avanço sobre a arte não é por acaso, representa a ascensão do fascismo no mundo todo.
Fazer tal homenagem só pode ser entendido como a propaganda ideológica do fascismo em um evento de maior importância nacional e internacional. Além disso, a presença majoritária de autores de outros países em um evento que, apesar de tudo, é um evento de Paraty no Brasil é um possível avanço do imperialismo na arte. Sendo assim, um único representante brasileiro diante de uma maioria de autores estrangeiros é no mínimo uma desvalorização do país e uma ode ao estrangeiro.
A arte precisa ser vista como um terreno da luta de classes em que a burguesia, especialmente os blocos pró-imperialistas, tentam ganhar terreno e força para suas empreitadas politicas, destruir à arte, às organizações artísticas e às vanguardas, que tem inspiração operária. Portanto, é preciso denunciar sempre as ofensivas imperialistas no meio artístico e lutar fazer da arte brasileira uma exaltação do Brasil, nunca dos dominadores estrangeiros. E sobretudo, repelir o avanço destrutivo do fascismo sobre a arte. Fora Bolsonaro!