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Ao lado do PSDB

Flavio Dino elogia “mercado” e diz que comunismo é utopia

Flávio Dino (PCdoB), que está, desde o início de 2019, procurando viabilizar sua candidatura à Presidência da República, participou do programa da direita "Fura Bolha".

No dia 3 de fevereiro,o governador Flávio Dino (PCdoB-MA) participou do programa Fura Bolha, promovido pelo canal Quebrando o Tabu. Financiado pelo instituto FHC, o canal Quebrando o Tabu vem, nos últimos meses, realizando uma série de entrevistas reunindo uma figura pública da esquerda e outra da direita — e, muitas vezes, da extrema-direita. O objetivo, no entanto, não é o de contrastar as diferentes posições defendidas pelos convidados, mas sim encontrar uma maneira de conciliar as duas posições em torno de uma determinada política em comum — isto é, promover a conciliação entre aqueles que aparentemente representariam os extremos da situação política.

Na entrevista, Dino foi apresentado ao governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite (PSDB), com quem manteve uma conversa cordial e com quem, em diversos momentos, procurou convergir. Logo no início do programa, o governador maranhense afirmou que estaria “à margem esquerda do rio”, mas que entendia a importância da “outra margem”. Ou seja, desde início, Dino se apresentou como um representante da esquerda nacional que estaria disposto a chegar em algum acordo com a direita.

A autodefinição de Dino, embora esteja repleta de aparentes boas intenções, que foram outrora reveladas por políticos como Marcelo Freixo (PSOL-RJ), que, ao participar do Fura Bolha, definiu a política como a “arte do diálogo”, revela, na verdade, uma profunda incompreensão do papel da esquerda na luta política. A esquerda do regime político reúne aqueles que são triturados diuturnamente pelos capitalistas, que estão dispostos a destruir todos os direitos democráticos e trabalhistas da população para tentar evitar que o caos econômico que é o modo de produção capitalista não entre em um colapso fatal. Colocar-se à esquerda é, portanto, colocar-se em uma posição de enfrentamento com a burguesia e seus representantes — que correspondem exatamente à direita do regime político.

A preocupação de Dino com “o outro lado do rio” é nada menos que um aceno à conciliação de classes — uma política profundamente oportunista que tem como fim submeter a disposição dos trabalhadores a lutar contra a direita aos interesses escusos da burguesia. No programa, Dino deixa claro que a sua política é a da conciliação com a burguesia quando define o comunismo como uma “utopia” e afirma que o “mercado” — isto é, o imperialismo — teria “um papel imprescindível”.

Seus elogios ao mercado e sua definição de comunismo impedem que Flávio Dino seja, de fato, considerado um comunista. Afinal, o comunismo não é um conceito abstrato, mas sim um conceito científico que estabelece claramente que a libertação da classe operária estaria diretamente vinculada à socialização dos meios de produção — e, portanto, à destruição da ordem social vigente. Não é possível, portanto, defender o comunismo e a manutenção do “mercado” ao mesmo. Por outro lado, o comunismo não é uma utopia, mas o caminho inevitável para o qual a humanidade progredirá diante da falência cada vez mais próxima do modo de produção capitalista.

Essas colocações de Flávio Dino, que aparentemente se dão em um âmbito teórico da discussão, têm consequências muito importantes para a luta política no momento. Na medida em que Dino sustenta que a classe operária não deveria ter uma política independente em relação à burguesia, o governador maranhense acaba por formular uma política de consequência nefasta para a população: uma política que permitirá que o governo Bolsonaro continue pisoteando os trabalhadores.

Durante a entrevista, Eduardo Leite atacou explicitamente o ex-presidente Lula e seu candidato Fernando Haddad. Flávio Dino, no entanto, não defendeu o maior líder popular do país e mudou de assunto. Quando perguntado sobre o governo do fascista Jair Bolsonaro, o maranhense se limitou a dizer que era “um equívoco”. Por fim, Dino ainda afirmou que a “responsabilidade fiscal” seria algo importante para qualquer governo. Com esses fatos, fica bastante claro o que é, de fato, o “comunismo” defendido por Flávio Dino.

A política de Flávio Dino é a mesma política que seu partido — e o próprio Dino, como um dos principais entusiastas — vem defendendo abertamente no último período. Ao iniciar o ano de 2020, o PCdoB lançou o Movimento 65, um movimento único e exclusivamente eleitoral com o objetivo de atrair praticamente qualquer pessoa para se candidatar pela legenda. Utilizando o mesmo verde e amarelo veiculado pela extrema-direita, o Movimento 65 faz um chamado desde “progressistas” a até mesmo “patriotas” para ingressarem no partido.

O que Dino e o PCdoB revelam, por meio de suas últimas movimentações, não é o comunismo, descrito por Engels como “doutrina das condições de libertação do proletariado”, mas sim uma política de camaleão, uma política de adaptação e de capitulação perante a iniciativa da burguesia golpista e fascista. Isto é, se a direita faz propaganda de que Lula seria o “comandante supremo” da corrupção, de que é necessário governar para os bancos ou de que Bolsonaro é apenas um erro momentâneo que será superado nas próximas eleições, Dino e seu partido procuram seguir.

É preciso, contudo, se contrapor a essa política. A adaptação à direita levará a um completo desastre, pois tem como fim canalizar todas as tendências revolucionárias da população para as eleições — terreno esse completamente controlado pela burguesia e profundamente desmoralizado pelos trabalhadores. É preciso, portanto, rejeitar as alianças com a burguesia e organizar um movimento amplo dos trabalhadores pelo Fora Bolsonaro.

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