Em entrevista ao jornalista Fernando Rodrigues, apresentada na noite do 1 de março, no SBT, o governador do Maranhão, apresentado como presidenciável, reafirmou sua intensa campanha pela chamada Frente Ampla, que inclui os partidos de esquerda e o centrão, inclusive o PSDB, e outros partidos golpistas.
Interessante notar que na entrevista Flavio declarou, corretamente por sinal, que Bolsonaro é presidente da República devido o impeachment. “Se não tivesse ocorrido o impeachment, não existiria Bolsonaro”. Acontece que as forças políticas que deram o golpe que derrubaram o PT, e portanto em evolução levaram Bolsonaro para a presidência foi justamente os pretensos “ aliados” da frente ampla proposta pelo governador do Maranhão.
Portanto, a proposta da frente ampla é no fundo uma aliança com os principais responsáveis pelo golpe, e que inclusive permitiram a chegada da extrema direita ao poder. Construir um movimento junto com os promotores do golpe, significa tão somente colocar a esquerda completamente a reboque da direita.
Além disso ressalta Flavio Dino: “O arranjo da nova República teria continuado de pé. O bolsonarismo é a corrente política da direita, que destrói o pacto político que foi feito, quando da Constituinte, aliás, quando das Diretas Já, antes, e ele rompe com esse pacto. Não teria ocorrido esta ruptura se não tivesse ocorrido a ruptura do impeachment”.
A pretensão da frente ampla é a reconstrução de um pacto da Nova República, pacto esse que permitiu o poder de veto do centrão, em especial do PMDB sob o regime político. Acontece que a ruptura do pacto é o desenvolvimento da própria crise política e o seu restabelecimento somente pode ter um sentido conservador, manter os ataques aos direitos dos trabalhadores e a pauta neoliberal, sem figuras mais extremadas como Bolsonaro.
Para justificar a construção das alianças cada vez mais amplas, Flavio Dino afirmou na entrevista que o importante é a atitude de “ dialogo” e “ reconectar a esquerda com a população”. Essa “reconexão” passa pela “ experiência pedagógica” das alianças e frentes, com destaque para os exemplos da Frente Ampla Uruguaia e da Concertação chilena , na verdade co- governos com a burguesia.
Entretanto, a proposta de Flavio Dino e do PCdoB não se limita a alianças à esquerda, mas como já abordado, a frente precisa ser ampla, para englobar os setores golpistas que não são diretamente vinculados ao presidente Bolsonaro, apesar de ser efetivamente sustentáculo do governo Bolsonaro. Dessa forma, respondendo a uma pergunta sobre Luciano Huck, Flavio Dino reiterou as declarações pró- PSDB, como um “ campo liberal não bolsonarista”, cita que no governo do Maranhão tem 16 partidos, inclusive DEM e PSDB.
Além disso, Flavio Dino afirmou que banqueiros foram ministros de governos de esquerda, e portanto é preciso “ pensar fora das caixinhas”. Ou seja uma frente e um governo com os golpistas.