Em artigo publicado no sitio Vermelho – ligado ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB) – sob o título “Que a Quaresma seja um tempo de reflexão e transformação”, o governador do Maranhão e dirigente do Partido, Flávio Dino, a pretexto de se pronunciar “sobre o período [religioso] que sucede o carnaval”, apresenta – como é costume de tradicionais políticos burgueses e de chefes religiosos – conselhos sobre como, sem lutar e sem enfrentar a direita é possível “vislumbrar dias melhores por meio do exercício de fé, amor e compaixão pelo próximo”. Claro que tudo isto é entremeado de uma enorme propaganda de seu próprio governo que, segundo ele estaria em “alinhamento” com “o que propõe a Campanha da Fraternidade deste ano”, organizada pelos chefes da Igreja Católica no Brasil, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Como todo os políticos burgueses, inimigos da luta de classes, da necessária luta da classe trabalhadora contra a opressão a que está submetida no capitalismo e, particularmente, contrária à luta da esquerda e das organizações dos explorados, neste momento, contra o golpe de Estado, o governador repete o mantra do “centrão” contra os “extremismos”, com o que a direita procura condenar e colocar no mesmo nível dos movimentos da direita, como os bandos fascistas, a luta dos trabalhadores e das suas organizações politicas, sindicais, movimentos sociais. Quem já não viu a direita atacar os “extermismos” dos comunistas, dos revolucionários, dos sindicalistas, dos sem terra etc. etc. etc?
Não por acaso, a “pregação” de Dino se dá no momento em que ele mesmo defende que seu Partido, mude de nome (deixando de lado o pecaminoso e extremista “comunista”) e abandone símbolos ligados à luta contra a exploração capitalista, que ele – e toda a direita – considera ultrapassados.
Do “púlpito” do Vermelho, Dino prega “que esta Quaresma seja para nós um tempo de reflexão e transformação. E diante de extremismos e muita confusão em nosso país, possamos vislumbrar dias melhores por meio do exercício de fé, amor e compaixão pelo próximo.” Nada de luta contra o golpe, nada de luta contra a burguesia e a direita golpista, nada de Fora Bolsonaro e todos os golpistas, “sem extremismo”. “Reflexão”, “exercício de fé, amor e compaixão” para “vislumbrar dias melhores”.
Não se trata apenas de uma politica antimaterialista, contrária à luta de classes, reacionária, mas de uma politica conciliadora e capituladora diante da direita feita em nome de um partido que se diz comunista e que se opõe, por meio do seu principal porta voz público, neste momento, e anunciado pré-candidato à presidência em 2022, à luta dos explorados como caminho para conquistar suas reivindicações, derrotar a direita e conquistar dias melhores, de verdade.
Um “beco sem saída”, cujo o mais remoto êxito é mais difícil “do que um camelo passar pelo buraco de uma agulha”.
Uma política em toda linha reacionária, coberta com fraseologia reacionária, da parte de quem está profundamente empenhando em defende a “frente ampla”, a “sagrada” aliança da esquerda com os partidos que organizaram e deram o golpe de Estado, derrubando a presidenta Dilma, que impuseram o governo reacionário de Michel Temer, que apoiaram a lava jato e sua implacável e ilegal perseguição contra o ex-presidente Lula e toda a esquerda, que aprovaram todas as “reformas” contra os trabalhadores e levaram ao governo por meio da fraude o presidente ilegítimo Jair Bolsonaro. Diante de quem, Dino ensina, temos que ter “amor e compaixão”.