Em entrevista concedida ao jornal The Intercept, o governador do maranhão, Flávio Dino, disse que “a esquerda não deve fugir da luta contra a corrupção. Esse tema é nosso”, o posicionamento contrário à realidade da luta política travada no país nos últimos anos.
Na verdade, como ficou claro com o Golpe, esta pauta é da burguesia, que utiliza as questões morais para derrotar seus inimigos políticos, tanto da esquerda quanto de setores da direita e da burguesia, pois acontece que quem manda é quem tem mais poder para controlar o judiciário e a polícia.
Mas mesmo assim, Dino acha que a “corrupção é um tema essencial”, segundo ele os coxinhas apenas teriam se “apropriado” desta bandeira, enquanto que a esquerda deixou-a no esquecimento.
Na entrevista, defendeu a Lava Jato, como se a operação tivesse cometido apenas alguns equívocos.
A Lava Jato, segundo Dino, tem “resultados justos e resultados injustos”, “resultados positivos e necessários e resultados negativos”. E ainda afirmou: “Eu não diria que a Lava Jato foi totalmente errada, acho até que a maioria das sentenças da Lava jato eu assinaria.”
Dino não esquece que a luta contra a corrupção simplesmente destruiu toda a economia do país. Mas procura tirar da Lava jato toda a culpa deste ocorrido. Dino está defendendo uma luta que não só destruiu o Brasil, mas como também tirou Lula das eleições, prendeu-o, colocou Bolsonaro no poder para aprovar a Reforma da previdência e roubar a aposentadoria da população. Este é o único resultado da Lava jato. Precisaria explicar quais são os resultados positivos, pois mesmo a prisão de setores da burguesia foi realizada com base em uma profunda destruição dos direitos democráticos, algo que prejudica toda a população.
Agora, que seria o momento de ir para cima da Lava Jato para derrotá-la, que é um partido de extrema-direita no judiciário, Dino a defende publicamente e acha que ela não está totalmente errada, afirmando que “a maioria das sentenças” ele também assinaria.
Além disso, na entrevista, o governador procurou elogiar Bolsonaro, afirmando que é bem recebido pelos ministros e que “há pessoas boas no governo”. Porém, Dino precisaria também explicar quem são esses: os militares assassinos apologistas do golpe militar, o “chanceler” defensor de nazistas, a mulher da goiabeira que quer reprimir toda a população, ou os filhos maníacos do presidente? Quem sabe? Pode ser até o próprio Bolsonaro, mas fica para a próxima para o governador explicar. De qualquer forma, trata-se de um desserviço fazer uma declaração como esta em pleno momento em que o povo expressa uma ampla tendência para a mobilização contra o governo.
Mas Dino afirma que seria necessário dialogar com a direita, inclusive com o governo de extrema-direita que está atacando o povo como nunca antes. Dentre seus ídolos da direita, ele cita alguns exemplos como Ulysses Guimarães, Franco Montoro, Tancredo neves e Mário Covas – todos os “democratas” que procuraram atacar as greves operárias para defender uma saída que mantivesse as bases da Ditadura Militar.
Porém, para Dino, estes são os representantes de um “centro democrático” que segundo ele faz falta, pois na opinião do governador apenas “quem ocupa o lugar do centro democrático é Rodrigo Maia”, com quem deveríamos dialogar e nos aliar, além de também “o PSDB que sempre foi uma força progressista no Brasil”, apesar da política neoliberal.
Isso, na opinião de Flávio Dino, apesar de todos os ataques contra o povo, apesar de terem votado junto a Bolsonaro para roubar as aposentadorias, apesar de serem partidos que defendem uma profunda violência do Estado contra a população, esse setor (que é o principal pilar do golpe de Estado no Brasil) é um bom aliado para a “oposição” a Bolsonaro. Algo totalmente fora da realidade. Estes partidos atuam em conjunto com Bolsonaro e inclusive ajudaram a elegê-lo, assim como o “democratas” acima citados ajudaram a manter a Ditadura Militar.
A política correta é de denunciar a Lava Jato e toda a direita golpista, não fazer média com eles e muito menos alianças.
