O Brasil é um país de crises. Crises na saúde, na economia, na educação, de segurança alimentar e em tudo que se possa imaginar. Dentre todas estas, uma das mais vitais é da habitação. Não apenas uma crise pelos números, mas uma crise também pela qualidade da habitação.
O país tem, hoje, quase 7 milhões de famílias sem moradia e outras tantas milhões morando em barracos, palafitas, cortiços e invasões de imóveis em construção ou em risco de desabamento. Há também um número imenso de pessoas que construíram suas habitações em terrenos de risco, como encostas que, a todo momento, podem desabar, especialmente agora, na época de chuvas.
Em contraste, no Brasil, há mais de 6 milhões de imóveis desabitados, servindo apenas para especulação de uma pequena parcela da população. Alguns estudos apontam que pode o número de imóveis vagos pode até chegar a 8 milhões, um número maior do que o de famílias desabrigadas. Portanto, o problema é, de maneira certeira, um problema de distribuição e acesso à moradia.
O governo ilegítimo do fascista Jair Bolsonaro, seguindo a política de destruição nacional começada pelo golpista Michel Temer (agora aliado do Direitos Já de Boulos, Haddad e Ciro), colocou fim a políticas estatais de moradia como o programa Minha Casa, Minha Vida.
Críticas à parte ao Minha Casa, Minha Vida, o programa representou, em alguma medida, um avanço gigantesco no acesso à moradia. Tendo isto em vista, fica mais saliente o papel de inimigo da população desempenhado pela direita.
Na situação atual da pandemia, os governadores “científicos” da direita e setores numerosos da esquerda burguesa e pequeno burguesa defendem, com unhas e dentes, a política do “fique em casa” como panacéia para o problema da pandemia. Isto não passa da demagogia mais cínica e rasteira.
Ao invés de criar leitos, contratar profissionais de saúde, fornecer EPIs, distribuir renda e garantir moradia à população mais necessitada para que esta possa ficar em casa, os governos direitistas, apoiados, sim, por setores da esquerda burguesa e pequeno burguesa, prefere colocar a culpa da pandemia na população, como bem denunciou o companheiro Henrique Áreas na sua coluna no Jornal Causa Operária Nº 1110. A política dessa gente é, na realidade, “eu fico em casa, você que se vire”.
A justiça do estado de São Paulo, um aparelho de cassação de direitos da população, expediu, desde o início da crise sanitária, diversas ordens de reintegração de posse, deixando mais de duas mil famílias desabrigadas.
Dados pontos apresentados, fica a pergunta aos frente-amplistas e demais demagogos da esquerda pequeno burguesa, que defendem as políticas direitistas dos governadores e prefeitos: “como ficar em casa sem renda, sem comida e em uma habitação precária? Como ficar em casa se nem casa tem?”