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Filme sobre ditadura e democracia marcam golpe de 64

O golpe do dia 31 de Março de 1964 ocorreu em meio a maior evolução criativa e diversificada do cinema brasileiro. O movimento do Cinema Novo tinha a missão de levar para as telas as contradições da realidade nacional, com foco na sociedade, por meio de uma expressão própria e desaforada.

Durante os anos seguintes, o cinema no Brasil, principalmente os diretores ligados ao Cinema Novo e ao Cinema Marginal, tentaram compreender a modernização brasileira e a violência política que aqui se instalou, além de entender o papel dos intelectuais e da classe média diante de uma nova realidade política.

Os principais temas abordados pelo movimento revolucionário audiovisual foram: o nordeste e a realidade das favelas cariocas –, temas que nem sempre agradava o público da classe média e a burguesia, apoiadores e financiadores do golpe militar, mas a intenção era mesmo chocar esse tipo de público.

O Estado dominado pelos militares, por sua vez, não podia sufocar definitivamente o cinema brasileiro, já consagrado em 1970. Era preciso então uma intensificação na censura. A linguagem nesses filmes era grotesca, mostrava um país sem perspectivas políticas e culturais, todos pareciam corruptos e impostores, as classes populares eram desumanizadas e sugadas pelo sistema capitalista, o herói não era o operário, mas aquele que transgredia todas as regras, uma dura crítica aos Atos Institucionais já atuantes na época, sendo o mais draconiano, o AI-5.

Promulgado no governo Artur da Costa e Silva (1967-1969), o AI-5 efetuou medidas que exacerbavam o poder do Estado, permitindo que os governantes pudessem punir de maneira arbitrária todos que fossem considerados inimigos do governo –, o que acabou por restringir liberdades e iniciou uma época de singular violência e perseguição.

Uma das grandes revelações desse período foi o diretor Hector Babenco. Argentino radicado no Brasil produziu dois filmes importantíssimos sobre a realidade social brasileira: Lúcio Flávio, o passageiro da agonia (1978) e Pixote, a lei do mais fraco (1980). Babenco, nessas duas obras, conseguiu construir e denunciar o cenário do sistema carcerário brasileiro e a lógica de exclusão e violência entre as crianças e adolescentes abandonados, produzida pela desigualdade socioeconômica capitalista, respaldado no totalitarismo político estatal e na falta de cidadania.

Chegando ao final do regime militar, o cinema brasileiro tomou outro rumo. Começou por produzir uma memória fílmica da ditadura, sobretudo, filmes que retratassem os anos de chumbo do governo. Obras como Pra Frente Brasil de Roberto Farias, em 1982, mostrava, com todo realismo possível, a dura realidade da tortura que um cidadão comum e inocente, confundido com um “terrorista” de esquerda, poderia sofrer nas mãos dos paramilitares de direita. Na época a obra quase foi censurada.

O cinema documental também foi importante para abrir um espaço de reflexão e respostas a respeito da ditadura. A categoria conseguiu grande sucesso de público, com filmes como Jango (Silvio Tendler, 1984) e Cabra Marcado para Morrer (Eduardo Coutinho, 1984). O primeiro retomava a trajetória política e pessoal do presidente derrubado pelo golpe em 1964, enquanto o segundo mergulhava nos vários caminhos trilhados pelas classes populares de militantes operários e camponeses depois do golpe e da repressão política militar.

Hoje, um montante de filmes sobre democracia e ditadura na América Latina está em alta e disponível em canais pagos e nos serviços de streaming. O conteúdo também pode ser encontrado em sites gratuitos como o Youtube. O importante é a divulgação em massa desse material para que o mesmo alcance o máximo de pessoas possível

Com a estreia do longa Libelu – Abaixo a ditadura (Diógenes Muniz), marcada para o dia 13 de abril, vários outros longas-metragens que abordam o tema estão sendo exibidos atualmente em plataformas virtuais. Libelu, por sinal, também alcançara os serviços de streaming. O longa trata do grupo estudantil setentista de São Paulo denominado Liberdade e Luta, impulsionado pela Organização Socialista Internacional, o filme agrupa reflexões políticas e jornalísticas de estudiosos que vivenciaram o regime militar. O arsenal cultural ainda conta com o já conhecido filme de Camilo Galli Tavares, O dia que durou 21 anos, que desvenda desdobramentos do golpe de 64 com envolvimento dos Estados Unidos, narrado pelo ex-exilado político Flávio Tavares, e Condor, documentário de Roberto Mader que mostra intercâmbios entre ditaduras implantadas no chamado Cone Sul dos anos 1970.

A ameaça à democracia tem que ser denunciada com rigor, principalmente em períodos como o que estamos vivendo, de enorme negacionismo histórico e científico. Passeatas e movimentos antidemocráticos não são bem-vindos. Derrubar o governo Bolsonaro é um dever de todo cidadão que se considere um indivíduo democrático. Atuar em todos os postos que transmitem informação e conhecimento para as camadas populares é um grande passo para essa luta. Ditadura nunca mais!

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