Filme “Ressaca”, que fala sobre a crise do Teatro Municipal do RJ estreou para visualização via streaming na quinta feira passada, 28/1. Dirigido pelo diretor francês Vincent Rimbaux e por Patrizia Landi, estreou nas plataformas de streaming NetNow, Oi Play e Vivo Play. O longaé uma coprodução entre Brasil (Cafeína Produções) e organizações francesas (France Télévisions / Babel Doc) e, mais recentemente, conquistou o Emmy Internacional 2020 na categoria “Arts Programming”. O filme acompanha os artistas relacionados ao Teatro Municipal do Rio de Janeiro quando os salários são suspensos e registra a espera e a resistência destas categorias.
“Uma metáfora em preto e branco que aborda a defesa da cultura e da arte em nossa sociedade e que conta a queda de um país por meio do declínio do Teatro Municipal do Rio de Janeiro”, define o diretor francês Vincent Rimbaux sobre o documentário “Ressaca”. Dirigido por ele e por Patrizia Landi, o trabalho estreia nesta quinta-feira (28/1) nas plataformas de streaming NetNow, Oi Play e Vivo Play.
“Queria fazer algo sobre a crise que chegou logo depois dos grandes eventos, como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. Morando aqui há quase 20 anos, vi essa crise chegar e achei muito forte”. Como relembra o diretor, a época do governo Temer levou uma crise muito pesada em todo o Brasil, e especialmente no Rio de Janeiro, que contou com uma crise econômica muito forte, decorrente das rápidas reformas neoliberais e PECs de verbas publicas como as para a cultura. Dentre os vários projetos acerca da crise que o diretor procurou inviabilizar, foi a notícia de que o primeiro bailarino do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Felipe Moreira, havia recorrido a uma nova atividade como motorista de aplicativo para quitar as dívidas e garantir o sustento da família mudou os olhares do diretor acerca da temática. “Achei uma coisa louca. Como um artista do calibre dele, de uma instituição tão bonita tinha que fazer isso” comenta o diretor. Esta é a realidade brasileira desde aquele momento, por outro lado, e isso se exemplifica, no contexto do setor cultural carioca, no sucateamento do Teatro municipal e no fechamento da escola de cinema Darcy Ribeiro.
A história do bailarino fez, então, com que a equipe do documentário tratasse da crise econômica carioca de 2017 por meio do Theatro Municipal e por meio do ângulo da arte e da cultura. “Ficamos dentro do Municipal, acompanhamos artistas, especialmente bailarinos, o cotidiano deles, e vimos um pouco o outro lado. Normalmente, os bailarinos buscam sempre estar perfeitos, toda a arte é a procura da perfeição, mas, no filme, atravessamos um pouco essa camada para ver mais as fragilidades, o lado humano”, descreve o diretor. O filme não retrata apenas a resistência e luta dos artistas, mais também dos funcionários do teatro municipais, que foram afetados em igualdade.