O documentário brasileiro “O Processo”, de Maria Augusta Ramos, foi o principal destaque desta quarta-feira (21) do Festival de Berlim, um dos mais aclamados festivais de cinema do mundo; filme que narra os bastidores do impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff estreou já sendo ovacionado.
No ano passado, também em Berlim, vários cineastas brasileiros alertaram para a suposta ameaça que representava para a cultura o governo do golpista Michel Temer, que assumiu depois do golpe a presidência.
Cerca de 300 personalidades do audiovisual brasileiro pediram, em uma declaração, o apoio dos representantes do cinema internacional, da mesma forma que, meses antes, a equipe do filme “Aquarius”, dirigido por Kleber Mendonça, havia denunciado no tapete vermelho do festival de Cannes o que consideravam um golpe de estado.
Sem voz em “off” nem entrevistas, o documentário de mais de duas horas de duração mostra, além disso, as conversas de corredor, os encontros de dirigentes políticos, assim como os momentos de tensão nos bastidores e nas ruas, sintoma do clima de polarização que tomou conta dos brasileiros.
De acordo com o crítico de cinema e jornalista Filippo Pitanga” essa é uma das edições mais politizadas do festival e a produção brasileira deixou Berlim “de joelhos ao Brasil”.
“Impressionante o efeito que ele [o documentário] causou. É uma verdadeira arma de reconstrução de massa”, avaliou o jornalista.