Em um mundo, mais especificamente o Brasil, que vive uma tempestade de ataques contra a classe trabalhadora, com cortes de direitos antes considerados invioláveis, além da convivência com trabalho escravo, é imprescindível fazer um paralelo com o que aconteceu 103 anos atrás. É no universo do que se passou no começo do século passado, mais precisamente em São Paulo e com reflexos em todo o país, que o cineasta Carlos Pronzato se inspirou para rodar o filme “1917, a Greve Geral”. O documentário vem bem a calhar para os dias de hoje, onde mesmo com muitas lutas, poucas coisas mudaram de lá pra cá. Pois nos últimos tempos vem surgindo muitas manifestações, paralisações e greves que podem ser muito bem associada com a primeira paralisação, em que os operários trabalhavam em condições desumanas naqueles anos.
O diretor mergulhou nessa que foi uma das mais prolongadas e contundentes greves já realizadas no Brasil, em julho de 1917, e que sofreu brutal repressão do governo. Até hoje não se sabe exatamente quantas pessoas morreram nos confrontos, nos quais a polícia matava manifestantes nas ruas, no sabre e na bala, e promovia muito espancamento. “A questão social é um caso de polícia”, já chegou a relatar o presidente Washington Luís, ilustrando bem a maneira como a pauta era tratada. e a brutalidade que os trabalhadores sofriam.
Método de luta da esquerda, a greve foi muito comum no século 20, principalmente associada aos comunistas e anarquistas influenciados pela vitória popular na Rússia, que derrubou o czar Nicolau II em fevereiro daquele ano. Teve forte influência de anarquistas italianos que vieram morar no Brasil e foi deflagrada após o assassinato de um sapateiro espanhol, José Martinez, de 21 anos. Apesar da violência e desaparecimentos nunca explicados, a greve é considerada vitoriosa por ter atingido conquistas como aumentos salariais, redução de jornadas de trabalho e limitação à exploração da força de trabalho de mulheres e crianças.
O filme se baseia num longo trabalho de pesquisa na imprensa da época, além de entrevistas a especialistas e estudiosos do tema e consulta a trabalhos acadêmicos sobre o tema. São 90 minutos do registro histórico feito para celebrar o centenário da primeira vitória da classe operária e que arrancou várias conquistas. Carlos Pronzato é um especialista em abordar a temática política e operária, tendo vários documentários trazendo agora um momento de coragem e de luta da classe trabalhadora para ser visto e analisado num período que ela sofre um intenso processo de retrocesso no Brasil.
O documentário teve lançamento online nesta quinta (dia 30), às 19 horas, no canal do YouTube de Carlos Pronzato, no endereço https://bit.ly/2YzNGMy. Quem quiser colaborar com o cinema político e independente adquirindo o DVD de “1917, a Greve Geral”, para conservar e ou colecionar a sua versão física, é só entrar em contato pelo e-mail carlospronzato@gmail.com. Nesse caso, o investimento é de R$ 30,00 + frete. O filme “1917, a Greve Geral”, é uma obra que resgata o protagonismo da classe trabalhadora no Brasil, mas ainda precisamos de mais melhorias, precisamos de um estado operário!