Na manhã da sexta-feira (29), cerca de 15 famílias sem teto da Comunidade Mangueiras, localizada no município de Ribeirão Preto (interior de São Paulo), foram acordadas por tratores e máquinas da Fiscalização Geral da prefeitura, que destruíram suas casas e seus pertences pessoais.
O prefeito fascista Duarte Nogueira (PSDB) autorizou a ação de despejo das famílias em meio à pandemia do Covid-19. A área pertence ao poder público municipal e estava abandonada, sem nenhuma utilização, servindo apenas para a especulação imobiliária.
A ocupação da área ocorreu neste mês de maio. Atingidas pelo desemprego e absolutamente desamparadas em todos os sentidos, as famílias ocuparam o local para ter o direito à moradia e tentar se proteger da infecção pelo coronavírus. O despejo violento se deu sem mandado judicial e não seguiu nenhum protocolo para a retirada das famílias e sua realocação em outro local.
A operação se deu sem o acompanhamento da Secretaria de Assistência Social e do Conselho Tutelar. O prefeito tucano evidencia seu caráter fascista, na medida em que atira famílias inteiras no olho da rua para a exposição e morte em meio à pandemia.
O despejo em Ribeirão Preto é mais uma prova de que não há qualquer preocupação por parte dos governos burgueses com a situação da população e o risco do coronavírus. A burguesia tem organizado a retomada das atividades econômicas no momento de ascensão do número de contágios e mortes. Na cidade interiorana são 27 óbitos decorrentes da doença e 1.217 infectadas até o dia 1º de junho. No Brasil, são 530.733 casos confirmados e 30.079 mortes.
Enquanto a esquerda fica com a política de “ficar em casa”, as forças repressivas do Estado avançam sobre os direitos da população. Para se poder ficar em casa e praticar o isolamento social, é preciso ter uma moradia. A ação da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto, sob administração tucana, significou a destruição da moradia de dezenas de famílias. A única possibilidade de seguir as recomendações destas famílias, que se materializou na ocupação do terreno abandonado, tornou-se inviável pela própria ação do Estado.
É preciso que os partidos de esquerda e as organizações operárias e populares rompam com a paralisia e convoquem o povo para lutar contra a extrema-direita que controla o aparelho de Estado e o utiliza para a garantia de seus interesses econômicos. A pandemia do Covid-19 não suspendeu a luta de classes; pelo contrário, o que se visualiza é sua intensificação.