As manifestações do dia 15 de maio colocou o governo Bolsonaro em estado de liquidação. Diante disso, a palavra de ordem “Fora Bolsonaro” se tornou um elemento central para organizar um movimento que se de fato choque com a direita golpista.
Apesar de ser uma palavra de ordem que pode colocar amplas massas e movimento e impor uma derrota ao imperialismo, o “Fora Bolsonaro” ainda não é um consenso entre as direções da esquerda. Por um lado, alguns setores alegam que a derrubada de Bolsonaro levaria à ascensão do general Hamilton Mourão; por outro, há quem diga que derrubar Bolsonaro seria uma atitude tão golpista quanto a derrubada de Dilma Rousseff.
A ambos argumentos, é necessário responder com clareza: diante da crise do governo, se opor ao “Fora Bolsonaro” é o mesmo que pedir “Fica Bolsonaro”. Desperdiçar o momento em que o governo se encontra na corda bamba é o mesmo que garantir a sua sobrevivência.
Se Bolsonaro permanecer no governo, Mourão, Sérgio Moro, Ricardo Salles e toda a burguesia golpista continuarão no poder. Mourão, como vice-presidente, já é um elemento decisivo no governo – a burguesia o colocou na chapa de Bolsonaro para garantir que o governo estivesse sob o controle das Forças Armadas. General não bate continência para capital; portanto, o argumento de que manter Bolsonaro é evitar o comando de Mourão é, em si, insustentável.
A defesa da continuidade do governo em nome da “normalidade democrática” também não tem sentido algum. O impeachment de Dilma Rousseff foi um golpe porque foi uma conspiração do imperialismo, que corrompeu deputados, juízes e promotores, para derrubar um governo democraticamente eleito. Não houve um movimento popular pela queda de Dilma Rousseff, mas sim atos superaumentados pela imprensa golpista e compostos por funcionários coagidos por seus patrões e mercenários da extrema-direita.
O governo Bolsonaro não foi democraticamente eleito, mas sim o resultado de uma fraude. Além disso, há uma forte tendência à mobilização contra o governo, como ficou demonstrado no carnaval e nos atos do dia 15. Desse modo, manter Bolsonaro seria o mais antidemocrático, seria passar por cima dos interesses da população.
Se por um lado a palavra de ordem “Fora Bolsonaro” é a mais democrática e a única que coloca em marcha um movimento pela liquidação de todo o regime golpista, por outro, é necessário entender que esta não coincide com o impeachment de Bolsonaro. O impeachment seria a solução da direita para a crise do governo; seria, esta sim, o “Entra Mourão”. Por isso, a palavra de ordem “Fora Bolsonaro” não é um apelo institucional: é o chamado para que os trabalhadores saiam às ruas para deixar claro que não estão dispostos a serem governados por Bolsonaro ou qualquer outro vigarista que assalte o poder para entregar o país ao imperialismo.