Está marcada para ocorrer a greve nacional dos entregadores de alimentação por aplicativo nesta quarta-feira (01/07).
A Federação Nacional dos Trabalhadores Motociclistas Profissionais e Autônomos (Fenamoto), filiada à Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTTL/CUT), anunciou apoio à luta e à mobilização que vai englobar cerca de 7,5 milhões de trabalhadores no Brasil.
Não se sabe ao certo o número de entregadores que atualmente trabalham no Brasil, pois as empresas não fornecem os dados e nem cruzam os dados para saber quantos entregadores trabalham para mais de uma empresa. Contudo, pesquisadores estimam que 68% da categoria perdeu rendimento no contexto da pandemia do Covid-19.
Os entregadores reivindicam o aumento da remuneração e o fim da autonomia da empresas na definição de seus horários e locais de trabalho. Os aplicativos Uber, Ifood, Loggi, Rappi, OL e outros tratam os entregadores como empregados celetistas, porém sem reconhecer nenhum direito trabalhista. Os entregadores ficam bloqueados pelas empresas caso desistam de alguma corrida, seja pela baixa remuneração ou por qualquer outro motivo.
A Fenamoto salienta a importância da organização da categoria e a apresentação de uma pauta de reivindicações unificada, para que seja possível negociar junto à o à Secretaria do Trabalho e ao Ministério Público do Trabalho (MPT). Ela ainda aponta que sem uma entidade de classe ou associação, é muito difícil que as empresas aceitem uma negociação.
Para conseguirem ganhar entre 1 a 3 salários mínimos, livres de custos de manutenção e combustível, os entregadores chegam a trabalhar de 8 a 12 horas diárias, seis dias por semana, correndo risco de sofrer acidentes no percurso. As empresas exigem rapidez na entrega, faça sol ou faça chuva. Se eles se recusam a cumprir as determinações das empresas, como o Ifood, acontece a perda de pontuação, bloqueio do trabalho por horas, dias ou meses e há a possibilidade de ser enviado para trabalhar em um local distante, com pouco movimento.
Os entregadores de alimentação se tornaram símbolo da “reforma” trabalhista aprovada no governo Michel Temer (MDB) e aprofundada no governo Jair Bolsonaro (ex-PSL, sem partido). Os golpistas e neoliberais diziam que a retirada de direitos trabalhistas e a desregulamentação das relações de trabalho iriam promover a prosperidade e o pleno emprego no país. Para estes, os entregadores são exemplos de empreendedores individuais -sem direitos, sem férias, sem proteção social e com jornada flexível, – e representam o modelo que deve ser generalizado para todas as categorias profissionais.
A greve dos entregadores deve ser apoiada por todos os sindicatos filiados à Central Única dos Trabalhadores (CUT), movimentos sociais, organizações populares e partidos de esquerda. Todos devem prestar solidariedade à categoria, que não desfruta dos mais básicos direitos trabalhistas e sociais e está mais exposta ao contágio e morte pelo Covid-19.