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Direita, volver

Felipe Neto, o novo herói da esquerda, e a frente ampla

"Youtuber" e empresário esteve no programa "Roda Viva" e arrancou elogios de várias figuras da esquerda pequeno-burguesa

Já há bastante tempo que o programa Roda Viva, da TV Cultura, se tornou um abrigo para a extrema-direita brasileira. Durante um longo período em que se processava o golpe de Estado, o programa era dirigido pelo fascista Augusto Nunes, que tentou agredir a socos o jornalista Glenn Greenwald. A farsa era tanta que o compositor Chico Buarque exigiu que sua canção, de mesmo nome, não fosse mais associada ao programa. Hoje, a âncora da empresa é Vera Magalhães, que esteve no Estado de S. Paulo e na Veja apoiando explicitamente a direita golpista. Apesar de tudo, a esquerda pequeno-burguesa continua flertando com o programa, de modo que várias figuras do campo progressista estiveram fazendo propaganda da sua mais recente edição, transmitida na segunda-feira (18), quando foi entrevistado o youtuber e empresário Felipe Neto.

O assédio de setores da esquerda nacional a Felipe Neto não vem de agora, mas de cerca de 10 dias atrás, quando o youtuber publicou um vídeo cobrando que outras figuras públicas se manifestassem contra o governo Bolsonaro. Após a publicação, que teria chegado às 10 milhões de visualizações, o youtuber teria deixado de seguir algumas celebridades, como Ivete Sangalo, por não criticarem abertamente o presidente ilegítimo.

O gesto de Felipe Neto foi interpretado pela esquerda pequeno-burguesa como uma abertura para que se formasse uma frente com o youtuber. Afinal, se Felipe Neto estava tão disposto a denunciar o governo Bolsonaro, ele rapidamente foi alçado à posição de aliado desses setores. A pergunta que fica e que a esquerda pequeno-burguesa não fez, mas que deveria ter feito antes de se jogar nos braços do youtuber, é: qual seria a vantagem de tal aliança?

Antes de respondermos à pergunta, mergulharemos em parte dos elogios e declarações feitas a respeito da performance de Felipe Neto no programa Roda Viva. Para isso, apresentamos as considerações feitas por Moisés Mendes, publicadas no portal Diário Centro do Mundo:

“Felipe é um fenômeno raro, porque não é apenas uma das celebridades da comunicação do século 21, o chamado influenciador digital, capaz de falar de qualquer coisa como se fosse uma autoridade em panquecas, borboletas asiáticas e em liberdades democráticas.

(…)

Felipe Neto deixou pelo menos uma dúzia de boas frases para que jovens brasileiros da idade dele pensem na resignação que os consome, enquanto os estudantes mantêm o vigor da militância transgressora no Chile, no Uruguai, na Grécia, na Argentina, na Bolívia, na Ucrânia”.

Como pode se ver, no final das contas, nem mesmo através de muito esforço, os defensores de Felipe Neto conseguem apresentar os motivos pelos quais o youtuber seria um grande aliado. O tal do influenciador digital não passa de um mito — a maioria dos seguidores de Felipe Neto são adolescentes, para quem o youtuber não passa de um grande entretenedor. Nenhuma capacidade real de Felipe Neto influenciar os acontecimentos é demonstrada pelos setores da esquerda nacional que o defendem. Apresentar meia dúzia de boas frases também não é exatamente uma grande qualidade em tempos de avanço da extrema-direita — qualquer livro de citações cumpriria esse papel…

O único motivo razoável pelo qual faria sentido utilizar Felipe Neto em uma frente, seria o fato de que ele possui um amplo público alvo. Mas a questão é: o que é que Felipe Neto está disposto a falar para esse público alvo? Iria Felipe Neto colocar debaixo do braço o programa dos sindicatos, do movimento popular, das organizações do povo em geral e levar para frente de suas câmeras, ou o que estaria em curso seria o contrário, uma chantagem por parte do youtuber para que, em troca dos potenciais votos que as publicações de Felipe Neto poderão trazer, a esquerda abandone seus princípios?

Infelizmente — para o povo pobre e trabalhador, e nem tanto para os carreiristas profissionais que se encontram no interior da esquerda nacional —, a segunda opção é a única que está se impondo. E isso pode ser demonstrado tanto pelas atitudes de Felipe Neto, quanto da própria esquerda pequeno-burguesa. Em todas as intervenções que as lideranças da esquerda nacional têm feito, sempre aparece o discurso de que a frente ampla deveria abrigar Felipe Neto — isto é, o seu programa imensamente direitista. Até o momento, nenhum dos defensores do youtuber apareceu defendendo que Felipe Neto, caso queira formar uma frente com a esquerda, seja obrigado a adotar o programa de luta dos trabalhadores.

A posição de Felipe Neto, no entanto, é diametralmente oposta. No programa, o que se viu, foi apenas um empresário — e um empresário de porte considerável, que presta serviços para figuras como Fátima Bernardes — colocando claramente suas exigências para ingressar na tal frente ampla: nada de radicalismos, apenas um discurso vazio em defesa da “liberdade”. Conforme ele próprio confessou, sua política está muito mais próxima da de João Amôedo (Novo) e Ciro Gomes (PDT)…

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