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Literatura nas escolas

Felipe Neto e a apologia da ignorância

O youtuber afirmou que não se deve ensinar os clássicos nas escolas

O youtuber e empresário Felipe Neto afirmou, em postagem em seu Twitter no último dia 23, ser contra o ensino de clássicos da literatura brasileira nas escolas. Segundo ele, “Forçar adolescentes a lerem romantismo e realismo brasileiro é um desserviço das escolas para a literatura. Álvares de Azevedo e Machado de Assis não são para adolescentes! E forçar isso gera jovens que acham literatura um saco.”

Embora sua especialidade seja fazer vídeos infantis na internet, Felipe Neto também se aventura em dar palpites sobre política e outros assuntos. Cada um é livre para falar o que quiser, pelo menos por enquanto. Muito diferente é levar a sério as colocações.

A esquerda pequeno-burguesa, por exemplo, transformou o próprio Felipe Neto em grande comentarista de política. Não sabemos exatamente qual seriam suas credenciais para dar palpite sobre os rumos da esquerda, ainda mais levando-se em conta que no momento do golpe de Estado esteve ao lado do golpe.

Mas, como dissemos, cada um fala o que quer. A opinião do youtuber sobre literatura em si não tem a menor importância. Menos relevante ainda é sua opinião sobre método de ensino da literatura.

Na realidade, estamos diante de mais uma opinião política do youtuber. Política no sentido de que o comentário sobre literatura e pedagogia não tem nenhuma pretensão de desenvolver nada sobre esses temas, mas serve para influenciar as pessoas que o seguem nas redes sociais. A opinião sobre literatura e tão correta quanto sua defesa do golpe contra o PT e nas últimas eleições sua campanha para os candidatos da frente ampla, Guilherme Boulos (PSOL) e Manuela D’Ávila (PCdoB).

Mas vejamos o mérito da questão. Segundo Felipe Neto não se deveria forçar os jovens a lerem romantismo e realismo nas escolas. Analisando assim, a afirmação não é de todo errada, o problema é a sua conclusão do problema. Não é porque os métodos de ensino no Brasil e no capitalismo em geral são arcaicos e ditatoriais que devemos concluir que seria melhor não apresentar para os jovens os clássicos da literatura.

O próprio Felipe Neto pode achar Machado de Assis, Alvares de Azevedo e outros um “saco”. Mas isso não quer dizer que a opinião dele esteja correta, menos ainda que seu gosto pessoal sobre literatura deva balizar o ensino no País.

Podemos achar os vídeos de Felipe Neto um “saco”, mas nem por isso defendemos a censura nas redes sociais.

O problema não está na literatura, o problema está, como foi dito, nos métodos de ensino. A literatura, apresentada como mais uma matéria entre tantas que são usadas pelo Estado para oprimir os jovens dentro das escolas, só pode parecer chata. Na escola, em suma, tudo é chato, mas Machado de Assis não tem nada a ver com isso.

Não é só a literatura, a matemática, a biologia, o português, a química, tudo é extremamente chato. Mas isso não significa que devemos tirar tudo isso do currículo, significa apenas que o sistema de ensino está falido.

Mas Felipe Neto não está preocupado em criticar a escola e os métodos adotados. O único efeito de seu comentário é desdenhar da literatura clássica e fazer uma espécie de apologia da ignorância. Como os métodos são ruins, vamos eliminar o estudo dos clássicos e piorar ainda mais o ensino.

Felipe Neto não propõe uma reformulação, uma maneira de tornar a leitura um prazer e uma necessidade do ser humano em formação. Provavelmente porque o próprio Felipe Neto não ache importante estudar a literatura.

O comentário é parte de uma campanha da burguesia de que não se deve “perder tempo” com esse tipo de coisa. A escola deveria ser ainda mais ditatorial, deveria ser uma mera máquina de formação de mão de obra.

Outro aspecto, que se liga ao anterior, é que há uma campanha de que a literatura brasileira seria de menor qualidade. Uma apreciação típica de uma país atrasado, cuja burguesia e as classes médias consideram “bom” apenas aquilo que é importado pelos países coloniais.

A consequência lógica de seu comentário é a de que deveríamos abandonar o estudo da literatura clássica nas escolas. E aí fica a grande questão: substituir Machado de Assis por quem? Algum autor da moda? Algum livro que Amazon está promovendo? O que não seria um “saco” nessa escola que mais parece uma prisão?

Os jovens devem ser apresentados para a literatura clássica, ela inclusive tanta importância quanto qualquer disciplina na formação dos jovens. O problema com certeza não será resolvido fazendo apologia da ignorância.

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