Neste ano, véspera das eleições presidenciais de 2022, toda uma movimentação ocorre entre partidos e políticos para a discussão das candidaturas a serem apresentadas.
Conforme as pesquisas atuais mesmo apontam, há uma flagrante oposição entre Lula e Jair Bolsonaro, contudo, existe um setor dentro da própria esquerda que defende uma frente ampla contra o bolsonarismo.
Em recente entrevista, a presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos, defendeu que “frente ampla é necessária para isolar Bolsonaro”. Segundo ela “queremos construir o socialismo no Brasil, mas temos a compreensão que para atingir esse objetivo é necessária uma correlação de forças que nos permitam implementar um projeto soberano, de equidade, que foi o que o Lula percebeu que era necessário fazer quando era presidente”
O que esconde essa junção de frases politiqueiras é a vontade de fazer frente com os outrora bolsonaristas, a direita tradicional, os golpistas que apoiaram a deposição de Dilma Rousseff, a prisão de Lula e a eleição fraudulenta de 2018. Por isso Luciana afirma: “imaginamos uma candidatura liderada pela esquerda, composta também por setores de centro dissidentes de Bolsonaro”, obviamente, por essa declaração, Lula seria apenas uma hipótese distante, já que não “unifica”.
Atualmente esses golpistas se apresentam com a fachada de “civilizados”, ou, diante da pandemia, “científicos”, como é o caso de João Doria, de São Paulo, que é um dos maiores representantes da dita ala civilizada dos golpistas. Outros ressurgiram e foram reerguidos pela própria esquerda, como o maior vampiro vivo da história brasileira, Fernando Henrique Cardoso, que esteve presente no ato virtual de 1º de Maio da esquerda, um escândalo total.
Doria, em resposta a Gleisi Hoffmann, sobre a prisão de Lula disse: “o maior cara de pau do Brasil foi condenado” (…) “o seu companheiro Lula, se desejar, terá a oportunidade de fazer algo que jamais fez na vida: trabalhar”.
Já FHC afirmou que “ele (Lula) não está sendo processado pelo que fez politicamente. O PT está dizendo: é um preso político. Não é. É um político preso”.
Doria fez campanha e incentivou atos pelo impeachment de Dilma, tendo dito para entrar “em contato com aquele que você conhece e cobre dele o voto a favor do impedimento dessa presidente para acabarmos de uma vez por todas com essa imoralidade que colocou o Brasil na maior crise econômica e moral da nossa história”.
Essa posição do PCdoB não é isolada. Tarso Genro, que já foi ministro do governo do Partido dos Trabalhadores, já defendeu “Frente Ampla de Esquerda, nós e nossos partidos construiremos com energia e vontade de utopia. Mas uma unidade institucional urgente contra o fascismo e a morte, Dino, Dória, Camilo, Rui, Wellington, Kalil, João Campos poderiam construir já. Entre a vida e o acordo com a morte!”
Essa gangue, que efetivamente colocou Bolsonaro no poder, é formada pelos principais representantes da burguesia e do imperialismo, e é com essa trupe que o PCdoB quer se aliar. É gente que em caso da disputa franca entre Lula e Bolsonaro, não havendo alternativa civilizada da direita, vai se aliar a Bolsonaro.
Essa aliança é, em primeiro lugar, um deboche contra os interesses do povo, pois essa direita tradicional não tem o menor interesse de levar adiante as causas populares, muito pelo contrário, como a experiência já demonstrou.
Por outro lado, revela um boicote total de uma candidatura realmente popular, que seria a de Lula e promover um candidato que fará justamente as mesmas coisas que Bolsonaro faria, os mesmos ataques contra o povo, só que de maneira “civilizada”.
Dessa forma, a proposta de frente ampla, sabota a candidatura de Lula e promove qualquer representante da direita, abrindo caminho para a vitória tranquila de Jair Bolsonaro.