No dia 24, véspera de Natal, a produtora do grupo humorístico Porta dos Fundos foi atacada com coquetéis molotov no bairro Humaitá, no Rio de Janeiro. Desde que o especial de Natal do Porta dos Fundos desse ano ficou disponível em uma plataforma de transmissão de filmes e séries o grupo vinha sofrendo com uma campanha de direita para tentar censurá-lo. Chegaram a organizar abaixo-assinados para exigir que o especial fosse tirado do ar, e tentaram levar adiante ações na justiça para tentar impor a censura.
A censura é parte fundamental da política da direita, já que uma população com liberdade para se expressar livremente tenderá sempre a criticar as políticas da direita. Dessa vez, no entanto, a extrema-direita deu um passo adiante em seu desenvolvimento, entrando em cena por meio de uma intervenção violenta nos acontecimentos. Do ponto de vista da extrema-direita, a ação serve como propaganda para futuras ações violentas e para intimidar organizações de esquerda e os trabalhadores em geral. Portanto, trata-se de uma ação que transcende em muito um simples ataque a uma determinada produtora, e visa interferir no panorama político geral, com amplo alcance.
É preciso responder à altura
As organizações operárias e populares devem se preparar, diante dos métodos a que a extrema-direita já está recorrendo, para organizar sua autodefesa. De forma coletiva, os trabalhadores devem estar preparados para responder a ataques da extrema-direita à altura. Essa é a única forma de impedir o avanço da extrema-direita. Recorrer a soluções judiciais ou parlamentares, especialmente neste momento, só fortalecerá as posições da própria direita, possibilitando um desenvolvimento maior da extrema-direita sob o regime político que está surgindo desde o golpe de 2016.
Um grupo que diz ser do movimento integralista, o fascismo brasileiro, foi à Internet reivindicar a autoria do ataque. No vídeo publicado na rede, aparecem imagens do ataque à produtora. O integralismo no Brasil foi derrotado nos anos 30 depois que uma manifestação integralista foi enfrentada na Praça da Sé no episódio que ficou conhecido como “revoada das galinhas verdes”, devido ao fato de que os fascistas fugiram da praça jogando para cima suas camisas para não serem reconhecidos nas imediações, proporcionando um divertido espetáculo de covardia para as testemunhas desse evento histórico.
A “revoada das galinhas verdes” dos anos 30 são um exemplo contundente do que fazer diante da ascensão da extrema-direita nos dias de hoje. É preciso organizar os trabalhadores, militantes e ativistas para defender o movimento operário da ofensiva de extrema-direita. Conforme proposta da última conferências dos comitês de luta contra o golpe, é hora de ampliar os comitês de autodefesa e formar novos comitês por todo o País.