O nível de agressividade do fascismo contra as mulheres tem dado uma escalada no mundo. Mais especificamente na Itália, um caso escandaloso vem chamando atenção. Foi descoberto em um cemitério de Roma, várias cruzes com nomes de mulheres nelas. Porém, essas mulheres não morreram, mas sim realizaram abortos legalizados. Nos locais indicados estão enterrados os fetos abortados. Todos os enterros foram feitos sem autorização dos familiares.
O aborto é legalizado na Itália desde 1978, porém o médico responsável pela mulher pode se negar a realizar o aborto na chamada “objeção de consciência”, dispositivo que somente dificulta os procedimentos, já que dados apontam que sete entre dez ginecologistas se negam a realizar abortos no país.
A legislação da década de noventa define que fetos menores de vinte semanas passam por descarte como o restante dos dejetos hospitalares, em casos em que o tempo for maior de vinte semanas, o serviço funerário deve realizar enterro mesmo que a família não o queira. Mas mesmo com a enterro compulsório os dados dos familiares devem ser mantidos em sigilo.
O cemitério Flaminio em Roma, e outro cemitério na cidade de Bréscia com os mesmos indícios não respeitaram a lei e expuseram as mulheres que necessitaram do aborto publicamente. A empresa responsável pelo descarte dos fetos não revelou como conseguiu acesso aos nomes dos familiares.
Muitas das mulheres vítimas dessa ação ficaram sabendo de seus nomes em um cemitério por meio de denúncias em redes sociais, algumas realizaram depoimentos sobre a situação, depois das dificuldades de exercer um aborto, ter o sofrimento fortemente reavivado com a exposição.
A indignação gerada em torno do caso é grande, entidades de defesa dos direitos das mulheres e a população tem se pronunciado, devido a pressão uma investigação foi aberta para apurar responsabilidades.
Os casos de aborto em que as mulheres foram expostas são relativamente recentes, entre 2015 e 2020. Denunciam os perigos do avanço da extrema direita e suas bandeiras. A ideia é punir as mulheres por exercerem direito sobre seus próprios corpos, fazer com a exposição que sejam castigadas e julgadas, bem típico da direita falso moralista. Além de ser um retrocesso de direitos já alcançados, como o direito ao aborto, procuram promover uma campanha antiaborto para fazer com que as mulheres retrocedam.