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O Mutante mais irreverente

Fãs homenageiam Arnaldo Baptista em seu 72º aniversário

Arnaldo Baptista é um dos maiores nomes do rock brasileiro. Criou vários clássicos com Os Mutantes e em 1974 fez sua obra-prima solo, "Loki?", marcado pelo clima pós AI-5

Arnaldo Baptista completa 72 anos neste dia 6 de julho. O artista convidou os fãs a comemorarem esta data com um projeto especial. Arnaldo vai compartilhar videos que os fãs, amigos e músicos enviarem interpretando canções que o músico lançou em seus discos solo pós 1982, ou seja, dos seus discos “Singin’ Alone” (1982), “Faremos Uma Noitada Excelente” (1987), “Disco Voador” (1987), “Elo Perdido” (1988), “Let It Bed” (2004) e “Elo Mais Que Perdido” (2013).

Para participar é só enviar o link do video até o dia 30 de junho para o email movimentoarnaldobaptista@gmail.com.

A carreira de Arnaldo Baptista está inevitavelmente ligada à de uma das melhores e mais conhecidas bandas de rock brasileiras, Os Mutantes. Com eles gravou e lançou seis LPs entre 1968 e 1974, onde misturaram a música brasileira com as influencias da música psicodélica americana, chanson francesa, música concreta e avantgarde. Arnaldo foi, inegavelmente, o integrante mais criativo, ousado e realmente o líder do grupo, apontando a direção para onde a música deles iria.

Os Mutantes

As origens dos Mutantes estavam em um grupo formado em 1964 chamado The Wooden Faces por dois irmãos, Arnaldo Baptista e Cláudio César Dias Baptista e mais Roberto e Raphael. Algum tempo depois eles adicionaram Rita Lee e o irmão mais novo, Sérgio Dias Baptista. A nova banda passou a se chamar Six Sided Rockers e depois O’Seis. Eles chegaram a gravar um compacto com as músicas “Suicida” e “Apocalipse” em 1966, que vendeu pouquíssimo.

Com a saída de Cláudio, Roberto e Raphael, o trio mudou de nome para Os Mutantes.

Os Mutantes estrearam fazendo uma série de apresentações no programa de televisão de Ronnie Von, “O Pequeno Mundo de Ronnie Von”, transmitido pela TV Record. Em 1967 conheceram o maestro Rogério Duprat e por seu conselho começaram a se apresentar nos grandes festivais de música popular brasileira que eram muito populares na época.

A primeira oportunidade do grupo foi acompanhando Nana Caymmi na música “Bom Dia”, que foi inscrita no III Festival da Música Popular Brasileira da TV Record. Outra música inscrita no festival foi “Domingo no Parque” de Gilberto Gil. Gil se encantou com os garotos e os apadrinhou. Participaram da apresentação de “Domingo No Parque” mesmo com o fato de nenhum dos três músicos saber ler partitura ou mesmo cifras. “Domingo No Parque” acabou em segundo lugar e foi a oportunidade perfeita para o grupo se aproximar do Movimento Tropicalista.

A Tropicália surgiu em 1967 como um movimento cultural que visava integrar a cultura popular brasileira com manifestações de vanguarda e cultura pop internacional como o rock. Os tropicalistas se identificavam com os ideais dos modernistas das décadas de 1920 e 1930 como Oswald de Andrade e seu Movimento Antropofágico que propunha digerir a cultura das potências estrangeiras como a Europa e os Estados Unidos.

O III Festival de MPB da TV Record onde os Mutantes se apresentaram com Gilberto Gil foi um momento chave para a Tropicália. Nesse mesmo festival, Caetano Veloso se apresentou com o acompanhamento da banda de rock argentina Beat Boys apresentando sua clássica “Alegria, Alegria”.

O auge da Tropicália foi no ano seguinte, quando saiu o disco-manifesto “Tropicalia ou Panis et Circensis”, com faixas de Caetano, Gil, Mutantes, Tom Zé, Gal Costa e Nara Leão. Nesse mesmo ano saiu o primeiro LP dos Mutantes, “Os Mutantes”.

No final de 1968 os Mutantes fizeram uma temporada de shows com Caetano e Gil no Rio de Janeiro. Foi nessa ocasião que ocorreu o famoso incidente em que a bandeira brasileira foi alegadamente “desrespeitada”, segundo os militares que governavam o país na época. O cenário do show tinha uma bandeira, obra do artista plástico Hélio Oiticica, com a inscrição “seja marginal, seja herói”, com a imagem de um traficante famoso na época, o Cara-de-Cavalo, que havia sido assassinado pela polícia. Foi tudo um pretexto para que os militares suspendessem a temporada e prendessem Caetano e Gil, que posteriormente iriam se autoexilar em Londres. O episódio ficou marcado como o fim da Tropicália que mostrou ter sido um movimento efêmero, completamente esmagado pela ditadura.

Tudo isso aconteceu no momento em que a ditadura se fecharia ainda mais com a implantação do AI-5. Foi o momento em que a censura às artes se tornou ainda mais rígida e todas as músicas precisavam ser aprovadas pelos censores para que pudessem ser gravadas. Alguns apontam que este momento marcaria um movimento que chamariam de “pós-tropicália”, cuja principal estrela seria Gal Costa.

De 1970 em diante os Mutantes também mudam de sonoridade. Com o fim da Tropicália mergulham em uma sonoridade mais definidamente rock. Nesse ano saiu “A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado”. Em 30 de dezembro de 1970 Arnaldo casa-se com Rita Lee. Após a lua de mel o casal rasgaria a certidão de casamento no programa de TV de Hebe Camargo.

Em 1971 saiu “Jardim Elétrico” e em 1972 “Mutantes e Seus Cometas no País dos Baurets”. Neste último disco a banda mostra uma nova mudança de direção, desta vez para o rock progressivo, muito influenciado por bandas como o Yes, que eles ouviam sem parar. Foi também o momento em que Rita Lee foi convidada a sair da banda, já que ela não era uma instrumentista capaz de tocar as intrincadas composições novas da banda, alem de também acabar o casamento com Arnaldo.

Em 1973 os Mutantes gravam o LP “O A e o Z”, mas a gravadora se recusou a lançar o disco por considerá-lo sem valor comercial. O album só foi lançado em 1992. Arnaldo, por esta época, já estava totalmente mergulhado no mundo das drogas pesadas, especialmente pelo LSD. Com isso, ele deixa os Mutantes.

O ano de 1974 foi de completa depressão, pelo uso contínuo de drogas e pelo rompimento com Rita Lee. Neste clima Arnaldo cria a sua maior obra, “Loki?”, um disco muito introspectivo, com letras irônicas e repletas de duplo sentido, que refletem o clima pós-AI-5, representativo de uma geração oprimida e profundamente desamparada.

Após mais um disco solo, “Singin’ Alone” em 1982, Arnaldo é internado na ala psiquiátrica do Hospital do Servidor Público de São Paulo. Em uma profunda depressão se joga da sacada do terceiro andar do prédio e por pouco não morre na queda. Teve um traumatismo craniano e inúmeros ossos quebrados, o que o afetou pelo resto da vida.

A recuperação foi lenta e dolorosa, levando muito tempo para que ele pudesse novamente falar e depois recuperar movimentos no corpo.

Arnaldo continua na ativa com uma enorme legião de fãs por todo o mundo, que incluem Sean Lennon e o finado líder do Nirvana, Kurt Cobain. E “Loki?” permanece como um dos grandes discos da música brasileira em todos os tempos.

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