Recente levantamento sobre as candidaturas para as eleições municipais de 2020 dão conta da ínfima participação das mulheres na disputa eleitoral, especialmente como cabeças das chapas para a disputa de prefeituras onde as mulheres são uma a cada dez candidatos e 60% das cidades sequer têm mulheres como candidatas enquanto as cidades que têm apenas mulheres como candidatas representam menos de 1%. Estes números escancaram a farsa da participação das mulheres na política.
O que fica evidente com isto é o total fracasso das políticas demagógicas tanto da esquerda como da direita para a suposta inclusão das mulheres na política como por exemplo a cota de 30% para mulheres nas proporcionais ou o programa “mais mulheres na politica” lançado pela ministra do governo Bolsonaro e inimiga das mulheres, Damaris Alves.
O mesmo vale para as demais políticas demagógicas destinadas às mulheres, que por serem puramente demagogia com a situação da mulher, não são capazes (nem pretendem ser) de solucionar verdadeiramente questões fundamentais para a vida das mulheres como a violência doméstica, o desemprego, a pobreza, etc.
Exemplo claro disso é a Lei Maria da Penha, amplamente defendida por setores de esquerda como solução para a violência doméstica contra as mulheres mas que não tem feito esta violência diminuir através do aumento da repressão punitiva; ao contrário a violência só aumenta assim como o número de trabalhadores e pobres encarcerados pela repressão.
As mulheres não têm participação política pelo mesmo motivo que sofrem com a violência doméstica, com o desemprego ou com a fome: porque são um dos principais alvos dos males gerados pelo capitalismo. São as mulheres quem mais sofrem com problemas sociais gerais como o trabalho informal e a pobreza, e com problemas especificamente direcionados às mulheres como a violência domestica e a gestação de risco por falta de atendimento médico.
A participação de mulheres nas candidaturas eleitorais, bem como na ocupação de cargos políticos eletivos é de fato muito inferir à participação dos homens, no entanto esta questão, ao contrário do que setores da esquerda e da própria direita tentam, não se trata simplesmente de um problema de gênero, mas sim um reflexo da situação extremamente precária da mulher dentro da sociedade capitalista. O capitalismo através das péssimas condições de vida a que submetem a classe trabalhadora, produz estes problemas sociais que são usados para manter esta condição de vida e que aliados à repressão evitam a emancipação dos trabalhadores.
No que diz respeito às mulheres, sobretudo as trabalhadoras e pobres, estas ferramentas do capitalismo servem principalmente para mantê-las reféns do lar e da família, principal forma de escravidão da mulher e que a mantêm afastada da luta política como um todo, desde a participação em uma greve ou uma eleição até a construção de um partido revolucionário e a luta pelo estabelecimento de um governo dos trabalhadores.
Desta forma a questão não se trata de os homens controlarem a política para que as mulheres não participem; mas sim de a burguesia capitalista, inimiga das mulheres, controlar todas as instituições existentes, além de criar várias outras (como o TSE), para atender aos seus interesses e atacar seus opositores. Interesses estes que são opostos aos interesses e necessidades da classe trabalhadora e pobre nas quais estão inseridas as mulheres que são atingidas pelas mazelas sociais e que junto com a classe trabalhadora sofrem com todos os ataques da burguesia e da direita que impedem tanto os trabalhadores como as mulheres de participarem da luta política real para defesa de seus interesses.
Por esta razão, tendo em vista que os problemas enfrentados pelas mulheres são resultado da ofensiva daqueles que agem contra os seus interesses, a luta das mulheres passa inevitavelmente pela luta de classes pela derrubada dos capitalistas, grandes inimigos do povo e responsáveis por toda a destruição, para a implantação de um governo popular operário no qual as mulheres poderão verdadeiramente conquistar e usufruir de suas reivindicações.