Pesquisa realizada pela Distrito em parceria com a B2MAMY e Endeavor sobre a participação de mulheres em gestão de negócios trazem números reveladores.
Os dados coletados apontam que somente 4,7% das startups são fundadas exclusivamente por mulheres, enquanto 5,1% são co-fundadas por mulheres no Brasil.
As oportunidades para homens são muito maiores, com o número de empresas com apenas fundadores homens sendo 20 vezes maior, em torno de 90% das startups no Brasil ainda são fundadas apenas por homens.
Ao realizar um recorte maior e colocar as iniciativas de sucesso realizadas por mulheres negras a situação piora muito, totalizando apenas 19%.
O debate sobre a situação será pautada no evento “Fintouch” da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs) e o maior do Brasil focado em fintechs, que engloba empresas especializadas em inovar e otimizar serviços do sistema financeiro, e, ao que parece, encaram a situação das mulheres no mercado de trabalho uma questão meramente operacional e financiamento alternativo, de solução tangível no capitalismo.
O evento terá um painel chamado “Diversidade e Impacto Social: Oportunidades financeiras e de transformação social” será liderado por Fernanda Ribeiro, Líder de Diversidade na AbFintech, Presidente na Afrobusiness Brasil e Co-fundadora da Conta Black, além de Lilian Natal, do Distrito, Dani Junco, da B2MAMY e Anita Fiori, do BID.
Segundo afirma Fernanda “Precisamos bater na tecla da diversidade como inclusão social e estratégia de negócios. Afinal, ao não investirem em negócios liderados por mulheres, em especial, como negras, todos perdem a chance de ter um portfólio diverso e com altíssimo potencial de ganhos, inovação e sustentabilidade”.
A afirmativa, somente retórica, contradiz totalmente os resultados mensurados na pesquisa e a situação das mulheres na sociedade brasileira, tem caráter puramente demagógico e esta assentado na base ideológica do empoderamento feminino, que determina que colocar mulheres em locais de destaque modifica a situação social porque motiva outras mulheres.
As coisas são inovadas supostamente para “democratizar” o acesso de pessoas a cargos de liderança, mas não passa de balela, no momento em que o país atravessa uma crise sem precedentes e um golpe segue seu curso atingindo a maior parte da população mais vulnerável, não existe espaço para empoderamento, nem protagonismo, como a própria pesquisa da aponta.
Os capitalistas e a extrema direita aprofundaram a política de acorrentar as mulheres ao lar, nas tarefas domésticas e cuidados com os filhos. Não existe nenhum movimento para colocá-las em locais de destaque e plenas de direitos e condições competitivas. Além de que em uma realidade de monopólios cada vez mais concentrados, a possibilidade de levar a cabo negócios com financiamento coletivo ou alternativo fica impossibilitado.
O tipo de iniciativa levada a cabo pela Associação Brasileira de Fintechs é totalmente inócua no sentido de tirar as mulheres na situação opressiva em que se encontram, na verdade, é uma espécie de verniz para esconder a realidade do restante das mulheres. A única saída que funciona é atuar politicamente e de forma organizada pela mudança nos aspectos sociais e econômicos que deixam a mulher subjugada na sociedade. Aumentar o peso social das mulheres para que advenham direitos plenos.