220 famílias Sem Terra resistem a mais uma ação de despejo no nordeste da Bahia. As famílias que residem no acampamento Belo Monte, localizado entre os municípios de Jeremoabo e Canudos, receberam no dia 05/11 notificação de uma ação liminar da justiça determinando a saída da área e estão mobilizadas na entrada do acampamento desde então, para evitar mais uma ação violenta de despejo.
Há cerca de um mês, pistoleiros invadiram o acampamento e atacaram os agricultores, realizando ameaças e apresentando, inclusive, um falso mandado de reintegração de posse. Uma prática criminosa, mas cada vez mais comum no campo aonde se localizam comunidades de trabalhadores, acampamentos Sem Terra, comunidades quilombolas ou Territórios indígenas. A pistolagem é um crime antigo, mas que vem aumentando no governo Bolsonaro, abertamente defensor dessas práticas e que planeja implementar mais medidas de violência, como o GLO (Garantia da Lei e Ordem) rural, proposto recentemente por seu governo. Política que tem sido refletida nas ações cada vez mais violentas da Polícia que atua a mando dos latifundiários, nas desapropriações.
A área foi ocupada pelos agricultores há pouco mais de uma ano e meio e já produz cerca de 20 toneladas de alimentos, que abastecem feiras e mercados dos municípios da região. Vale lembrar que 70% dos alimentos consumidos no país são produzidos por pequenos produtores rurais e, muitos deles, estão em assentamentos. Ou seja, é uma atividade que deve ser defendida pela população, principalmente pela população pobre, trabalhadora que gasta boa parte dos rendimentos familiares com alimentação. Além disso, devemos defender a função social da terra, seja ela na produção de alimentos, no abrigo daqueles que não possuem residência e, principalmente, no combate ao desemprego, que está escalando no país.
GOVERNOS DE ESQUERDA CONIVENTES
É preciso destacar também a conivência do governador do Estado, Rui Costa do PT, com os crimes cometidos pelos pistoleiros, que nunca são punidos – mesmo todos sabendo quem são os mandantes, pela violência empregada pela Polícia Militar e, principalmente, com a política de despejo das famílias. Segundo informações do MST, neste momento, quatro acampamentos receberam ação de despejo da justiça no Estado, sem contar que, nos últimos dois meses, cerca de 700 famílias foram despejadas, mesmo mantendo áreas de alta produtividade de alimentos, como foi o caso dos assentamentos Abril Vermelho, Irmã Dorothy e Irani de Souza na região de Juazeiro, que foram alvo de extrema violência pela polícia que utilizou gás lacrimogênio, balas de borracha, helicóptero, máquinas para destruir as casas e a plantação.
A política de aliança com a burguesia tocada pelo governador tem resultado, não só na continuidade da violência no campo, mas como o avanço desta violência, assim como tem sido feito pela extrema direita no restante do país. Ou seja, em tese, no Estado a população elegeu um governo que tinha como promessas eleitorais, defender políticas sociais e defesa dos trabalhadores do campo e condições de trabalho. Mas, assim como é a velha prática da política burguesa, o que tem ocorrido é totalmente diferente do prometido em campanha eleitoral. Algo mais que previsível dadas as alianças que o governador fez, com amplos setores da burguesia do Estado.
Os trabalhadores do campo, devem se manter mobilizados e combater os ataques das milícias fascistas dos latifundiários. Para isso é preciso é necessário criar comitês de autodefesa em cada comunidade, que possam garantir a segurança dessas famílias.