Em participação no programa DCM Ao Meio Dia, transmitido no dia 22 de julho por meio da DCM TV, Guilherme Boulos, pré-candidato à prefeitura de São Paulo pelo PSOL, foi confrontado com uma série de perguntas relacionadas à sua participação no golpe de Estado de 2016, às suas manobras contra os atos na Avenida Paulista e ao fato de seu pai ser um funcionário do PSDB. O psolista, então, respondeu:
“Está surgindo um fenômeno, eu não sei financiado por quem, de uma turminha que resolveu repetir o método do bolsonarismo e produzir fake news a partir da esquerda. A forma com que eles se apresentam oficialmente é por meio do folhetim do PCO”.
No fim das contas, quem tiver a disposição de assistir ao restante da entrevista verá que Boulos não respondeu a qualquer uma das questões levantadas. Direito dele de não responder. O que chamou a atenção, no entanto, foi que o pré-candidato, na ausência de argumentos contrários aos fatos que foram apresentados, decidiu acusar os seus adversários de praticarem “fake news”.
Ora, mas esse método, de não argumentar, de não discutir politicamente as questões que são colocadas, mas simplesmente reduzir o adversário a propagador de “fake news” é que é um método tipicamente bolsonarista. Para o bolsonarista, quem vota no PT é um “petralha”, Lula não deve ser presidente porque é um “ladrão” e quem se considera de esquerda deveria morrer porque é “comunista”. O excesso de “xingamentos” é compensado com a total falta de argumentos. Até porque não há o que argumentar: a defesa do governo Bolsonaro ou da direita golpista só pode se dar na base da ignorância ou da canalhice. Ou dos dois.
Poderíamos considerar a resposta de Boulos como simplesmente infantil. Isto é, como uma criança, que, aos prantos, diz que “feio é quem me chama”. No entanto, nesse momento, o problema das “fake news” vai muito mais longe.
O senhor Guilherme Boulos, junto com outros setores da esquerda nacional, têm feito, há pelo menos dois anos, campanha aberta contra as “fake news”, que é uma campanha tipicamente pró-imperialista. A campanha chegou ao Congresso Nacional em forma de lei e já foi aprovada no Senado. A qualquer momento poderá ser votada na Câmara dos Deputados. O PSOL não possui senadores, mas, de acordo com as declarações de seus deputados, a legenda é completamente a favor da criminalização das “fake news”. Disse a deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS): “fake news é crime e tem de ser tratado como tal”.
Divulgar “fake news” está prestes a virar um novo crime no Brasil, com o apoio do PSOL. Nesse sentido, a birra de Guilherme Boulos com os fatos levantados e criticados politicamente pelo PCO tem um segundo significado: os argumentos do meu adversário não devem ser levados a sério porque ele é um criminoso. Ou, de maneira mais resumida: “chamem a polícia para prender o PCO!”.
Esse tipo de método nada tem a ver com a esquerda ou com os trabalhadores. Trata-se de um jogo sujo e rasteiro que nada contribui para o debate no interior da esquerda.