A medida que cresce o número de casos pelo covid19 no Brasil, fica mais evidente o quanto o país está incapacitado para combater a pandemia. Isso fica claro não apenas pela falta de qualquer medida eficaz pelos governos, mas também é resultado de um processo histórico de desindustrialização no país. A falta de materiais para prevenção do coronavírus e também no tratamento dos pacientes, é um fator preponderante no aumento no número de óbitos. A falta de respiradores, oxigênio e insumos na produção da vacina tornam a situação ainda mais desesperadora.
Atualmente, apenas duas instituições são capazes de produzir vacina no Brasil. A Bio-Manguinhos da Fiocruz e o Instituto Butantan. Todavia, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos, o Brasil é responsável pela produção de apenas 5% dos insumos para atender a demanda interna de medicamentos. O restante da matéria-prima é importada, principalmente de países como a China e a Índia. Essa situação deixa o país completamente dependente de outros para a produção da grande maioria dos medicamentos, o que reflete na dificuldade na produção de uma vacina. Principalmente durante a pandemia, em que os países darão prioridade para imunizar a sua própria população.
De acordo com o presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi), Norberto Prestes, em entrevista a Rádio UFMG Educativa. “É um acúmulo de três décadas de vários fatores. Na década de 1980 o Brasil produzia entre 50% e 55% dos insumos consumidos aqui. Naquele momento, começou também a investir pesado na indústria que produz medicamentos, abandonamos a indústria de insumos farmacêuticos e investimos maciçamente nos fabricantes de medicamentos. Foi muito bom, somos uma potência na produção de medicamentos, importantíssimos na produção de genéricos. Mas fomos deixando a indústria de insumos de lado”.
O impacto da desindustrialização no país, aprofundado nos governos neoliberais de Collor e FHC, foram fundamentais para a destruição de industrias no Brasil. Isso aconteceu não apenas no Brasil, mas foi uma política implementada em toda a América Latina, através de governos vassalos dos países imperialistas. Uma típica política de pilhagem dos países.
Há um recuo sistemático do Brasil desde a década de 70 em relação a suas indústrias. Atualmente, o PIB da indústria de transformação que representava 27% do PIB brasileiro na década de 1980, caiu para 11% em 2018. O déficit da balança comercial no país em relação a equipamentos e materiais ligados a saúde foi de 2,5 bilhões de dólares em 2018, e muito provavelmente será muito maior neste ano.
Diante desse cenário catastrófico, a política do governo federal e de vários governadores e prefeitos é aumentar a privatização de setores fundamentais da saúde, canalizando ainda mais recursos para a burguesia, destruindo a participação do Estado para prover a saúde da população. Assim, é completamente ilusório acreditar que qualquer governo ou instituição democrática irá atender aos interesses reais da população. Somente a mobilização popular será capaz de deter a política genocida do governo Bolsonaro e dos golpistas, levada adiante não só no plano federal, mas também nos estados e municípios.