O Centro Acadêmico Herbert de Souza (CAHS) da USP publicou em sua conta no Facebook que está organizando uma campanha de arrecadação para distribuir cestas básicas para os moradores do Jardim Keralux, bairro de periferia localizado na Zona Leste da capital paulista.
Na postagem, o CAHS menciona que os moradores vivem uma situação muito difícil, devido às chuvas do mês de Março e agora pela pandemia do coronavírus, que levou milhares ao desemprego e, consequentemente, à miséria e falta de perspectivas de vida. Preocupados com a situação social do Keralux, o CAHS fechou uma parceria com a associação de moradores para proceder ao socorro mediante distribuição de alimentos.
O problema reside no fato de que esta não é a função de um Diretório Central dos Estudantes, isto é, uma organização construída pela luta estudantil. Ao contrário, o DCE deveria mobilizar os estudantes para cobrar das autoridades que as necessidades mais básicas da população pobre das periferias sejam atendidas.
Uma entidade que representa mais de 93 mil estudantes na maior e mais importante universidade do país e da América Latina pode muito mais do que fazer caridade. São centenas de periferias e milhões de pessoas em situação de miséria e extrema vulnerabilidade social na cidade de São Paulo. O DCE da USP conseguiria fechar parcerias para atender a todas?
Os estudantes da Universidade de São Paulo precisam ser mobilizados para intervir na luta política em curso no país, particularmente pela derrubada do governo fascista de Jair Bolsonaro, o principal causador da miséria da população e que nada tem feito para impedir a morte de milhares de pessoas em São Paulo e país afora. Essa deveria ser a função do DCE e não a promoção de campanhas de caridade que, por mais boas intenções que expressem, contribuem pouco e não resolvem nada.
A mobilização dos estudantes da USP possui potencial para mudar o quadro político nacional e desferir duros golpes ao governo Bolsonaro e ao bloco político da extrema-direita, que já começam a organizar o fim do isolamento social e a exposição de milhões de trabalhadores ao contágio e a morte pelo covid-19. Isso só pode ser levado a cabo por uma mudança de política, da caridade para a mobilização estudantil nas ruas.
Neste momento, a crise do governo Jair Bolsonaro e do bloco político golpista abre perspectivas concretas para a transformação da situação política. É preciso aproveitar as oportunidades quando surgem. As organizações estudantis e da juventude não podem ficar em uma política de conciliação e caridade, buscando reparar o mal causado pelos governos burgueses.