Durante o ano de 2020, o mundo se viu em uma situação nunca antes vista em pelo menos um século: uma pandemia. Com o surgimento do novo coronavírus e, consequentemente, o agravamento de sua atuação ao redor do mundo, a economia mundial sofreu um duro golpe, intensificando o processo inevitável de decadência do capitalismo. Por conseguinte, a manutenção e o desenvolvimento dos grandes monopólios também se intensificaram, como forma de garantir a redução das perdas dos grandes capitalistas durante a crise.
Aqui, no Brasil, vimos um reflexo muito claro do que a atual crise financeira tem feito com as grandes empresas. Neste momento, a gigante Saraiva está em meio a negociações relativas à falência. Segundo a empresa, seus negócio teriam sido extremamente prejudicados pela pandemia e pelo consequente fechamento de suas unidades físicas. Seu faturamento, quando comparado ao mesmo período de 2019, teria sofrido uma queda de cerca de 73%, representando uma verdadeira queda nas ações da empresa.
Agora, está em andamento uma série de negociações entre a empresa e seus credores. Segundo a Saraiva, o plano de recuperação judicial atual é completamente inviável devido ao seu desempenho nos últimos meses. Logo, apresentou um novo plano que não foi aprovado na última assembleia realizada entre as duas partes do processo. Portanto, a direção provável para a antiga vendedora de livros é a falência.
Com isso, uma parcela da esquerda pequeno-burguesa procurou moralizar a anedota, se compadecendo com a situação da empresa. Todavia, o que deve ficar claro é que o próprio processo de falência não passa de mais uma faceta do aparato do empresariado capitalista para que consiga recuperar seus negócios. Vai no sentido de que, no momento em que uma empresa entra neste processo, o patrimônio dos grandes capitalistas é protegido pelo estado burguês. Afinal de contas, ocorre demissão em massa de todos os funcionários e, além disso, a sonegação categórica dos impostos. Sem contar que, durante o processo de recuperação judicial, os empresários são auxiliados pelo próprio poder estatal para garantir a “melhor saída” para os credores, colocando os trabalhadores à mercê de suas próprias sortes.
Prova disso é que, durante a atual pandemia, a Câmara dos Deputados aprovou um PL que altera a Lei de Falências para adequá-la à atual situação do empresariado em meio à uma situação ainda inteiramente pandêmica. Entre as modificações mais relevantes, encontram-se a previsão das possibilidades de financiamento na fase de recuperação judicial e de ampliação do parcelamento das dívidas tributárias.
Ou seja, mais uma vez, os tubarões capitalistas dos grandes monopólios financeiros são inteiramente auxiliados pelo aparato estatal burguês. Enquanto isso, os trabalhadores são obrigados a segurarem a crise em suas próprias costas, morrendo diariamente para garantir o lucro do patrão e a manutenção da retroalimentação do capital em meio à crise.