Neste domingo (16), o Tribunal Regional Estadual de São Paulo (TRE-SP) proibiu os candidatos paulistas ao cargo de deputado de usarem material de campanha que faça alusão à candidatura de Lula para presidência, pois estaria supostamente em desacordo com a decisão do TSE de tornar inelegível o ex-presidente. Como se fosse um desrespeito ao TSE fazer campanha por “Lula Presidente”. Sobre isso, entretanto, vale uma explicação geral sobre o problema geral.
O ex-presidente e líder metalúrgico, Luiz Inácio Lula da Silva, continua sendo o ponto central da luta política nacional. Gira em torno de sua pessoa o desenvolvimento da luta contra o golpe e também da perseguição política e retirada de direitos democráticos levado adiante pela burguesia golpista. Uma luta que reflete a dialética da sociedade, isto é, a correlação de forças entre estes dois pólos políticos, que são necessariamente inconciliáveis entre eles.
Desta forma, o desenvolvimento da luta contra o golpe, que está girando em torno da liberdade e presidência do ex-presidente, depende de um avanço das forças políticas contra o regime burguês, que depende ele mesmo da repressão e manipulação exercida para controlar estas forças.
Portanto, a importância que a burguesia dá ao “problema Lula” não poderia ser insignificante, pois seu futuro depende necessariamente disso. Por isso, a ofensiva para prender Lula foi tão ferrenha, e a tentativa de “sumir” com ele, de censurar aqueles que falam em seu nome, de reprimir aqueles que estão ligados à ele etc. continua sendo imensa, mesmo depois de sua prisão ilegal.
Daí, surge a política da burguesia, liderada pelos tribunais superiores, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de proibir a divulgação da imagem do ex-presidente em campanha eleitoral; de proibir o uso das palavras “eu sou Lula” e “Lula presidente” (este último fato que foi um exigência do TRE-SP para os candidatos a deputado de SP); de reprimir as manifestações que exigem sua liberdade ou sua presidência; e assim por diante.
Por outro lado, as pessoas têm total liberdade de mencionar o Lula quando é para vomitar uma cambada de xingamentos contra o ex-presidente, como vêm fazendo os políticos da direita, como Jair Bolsonaro, Geraldo Alckmin, Alvaro Dias, João Dória e outros parasitas da política burguesa.
Basta ver, além dos posicionamentos repressivos do judiciário golpista, os argumentos utilizados pela imprensa burguesa. Quando se trata de comentar a campanha política de Haddad, que por questões óbvias procura vincular a imagem de Lula à do atual candidato petista, a imprensa é totalmente ofensiva, já quando são os candidatos de direita falando do metalúrgico, são estimulados pela mesma imprensa à realizar ataques ao ex-presidente.
Os comentários da burguesia para atacar a esquerda é de que seria um absurdo ficar utilizando o “nome de um presidiário” para fazer campanha política; de que o “lulismo” seria uma seita religiosa, sectária e intolerante, que realizaria culto à personalidade e não superaria a liderança de Lula – argumento utilizado inclusive pela esquerda pequeno-burguesa.
Por trás desta campanha caluniosa, entretanto, está o interesse da burguesia de conter todo um movimento político combativo que se reúne em torno da defesa do político mais popular da América Latina, perseguindo-o de forma ditatorial. E, por isso, está proibido tudo que está vinculado à Lula, a não ser falar mal dele.