Vendido no mundo como uma maneira de combater a desigualdade financeira entre clubes dentro de uma mesma liga, o que até seria razoável com vistas a tornar o poder financeiro menor em comparação a fatores como torcida, táticas e qualidade individual, na prática a política de fair play financeiro não tem qualquer compromisso com esses desequilíbrios.
A punição recente do Manchester City, impedindo-o de participar das duas próximas edições da Champions League, deu-se baseado no regulamento de fair play financeiro da UEFA. Nesse regulamento, dentre outras coisas, o investimento não pode ser maior do que 30% da receita bruta do clube. Uma limitação que não tem qualquer fundamento, na verdade essa medida até limita que um clube pequeno passe a receber investimentos semelhantes aos de grandes clubes. Digamos que amanhã a Chapecoense passe a receber montantes de investimento com valores semelhantes aos do Flamengo, isso seria um problema exclusivamente da Chape, certo?
Esse é um dos muitos pontos absurdos do fair play financeiro, no grosso são medidas para a UEFA intervir sobre a finança dos clubes, ditando quanto pode ser aplicado, quanto pode ficar devendo, qual deve ser o limite de déficit entre venda e compra de jogadores, etc. Não faz qualquer menção, por exemplo, ao assédio de clubes grandes a clubes menores do seu país, como o Bayern de Munique faz na Alemanha e Real Madri e Barcelona fazem na Espanha, fato que realmente torna as disputas injustas.
O intervencionismo das federações sobre os clubes é um mecanismo que limita a formação de equipes competitivas. Os riscos aos quais os clubes se sujeitam ao fazerem grandes contratações não cabe a ninguém exceto às torcidas e dirigentes. Cedo ou tarde, ao que tudo indica, os clubes ousados serão punidos.