As próximas eleições europeias ocorrerão entre os dias 23 e 26 de maio de 2019, visando escolher representantes para o Parlamento Europeu.
O Parlamento Europeu (Eurocâmara ou Europarlamento), compõe, com a Comissão Europeia e o Conselho Europeu (ou Conselho da União Europeia), as três principais instituições da União Europeia. Enquanto o Conselho representa os Estados, o Parlamento Europeu representa os povos da Europa. A Comissão Europeia, por sua vez, materializa e defende o interesse geral da Comunidade Europeia.O Parlamento Europeu é a única instituição diretamente eleita pelos cidadãos europeus, cujas eleições acontecem de cinco em cinco anos.
A Comissão Europeia, politicamente independente, representaria e defenderia os interesses da União Europeia (UE) na sua globalidade. Cabe-lhe propor, além da legislação, política e programas de ação, a aplicação de decisões do Parlamento Europeu e do Conselho da União Europeia.
O presidente da Comissão é eleito pelo Parlamento Europeu, por proposta do Conselho Europeu. Os demais membros são escolhidos com base num sistema de rotação estabelecido por unanimidade pelo Conselho Europeu.
O Conselho Europeu tem caráter eminentemente político e é composto pelos Chefes de Estado ou de Governo dos países membros da União Europeia, pelo Presidente da Comissão Europeia e pelo Presidente do Conselho Europeu, que preside às reuniões.
A últimas eleições, ocorridas em 2014, foram as maiores eleições transnacionais de que se tem notícia, mas as eleições deste ano (2019) são aquelas que definirão, mais do que nunca, o papel da extrema-direita e, assim, o futuro da própria União Europeia.
As pesquisas demonstram que há possibilidade da extrema-direita ganhar as eleições em alguns países, explicitando a enorme crise pela qual atravessa o regime político do imperialismo, que a União Europeia representa.
Embora seja cedo para prever a composição do futuro Parlamento Europeu, o que tem impacto direto nas demais instituições da União Europeia, é claro que são importantes tanto o enfraquecimento do atual duopólio entre cristãos e socialdemocratas e o crescimento da influência da extrema-direita.
É quase certo que o Partido Popular Europeu (o maior partido Europeu) terá menos deputados e, embora possa continuar a ser o maior grupo de partido único, haverá uma baixa considerável de membros. Ainda, se a tendência revelada nas eleições nacionais mais recentes continuar, a Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (Progressive Alliance of Socialists and Democrats, S&D) também perderá muitos lugares, de forma que, pela primeira vez, esses dois grupos podem não conseguir estabelecer a maioria.
O aumento da influência de outros grupos partidários, em particular os verdes e os liberais, pode trazer mudanças consideráveis. No entanto, o partido de Emmanuel Macron, presidente da França, o La République En Marche (REM), que poderia ser um novo e influente ator, corre risco de ser ultrapassado pelo Rassemblement National (RN), da líder de extrema-direita Marine Le Pen, conturbando o jogo e inviabilizando, ou dificultando, uma nova aliança ou o relacionamento com os liberais, por exemplo.
A coalizão até agora funcional, na qual a aliança entre poucos partidos mostrou-se suficiente para formar uma maioria coesa, dará lugar à necessidade de maior negociação entre um número cada vez maior de partidos, talvez com a formação de maiorias mais flexíveis, ou coalizões “mutantes”.
A questão mais importante, porém, é se a extrema-direita vai se tornar relevante dentro do Parlamento Europeu e qual papel passaria a desempenhar, o que nos faz questionar igualmente sobre qual impacto isso representará nas eleições nacionais.
No entanto, mesmo que continuem a ser minoria, seu crescimento revela um aprofundamento na crise do regime político europeu, ou seja, do regime político imperialista.
A pauta anti-União-Europeia, por isso mesmo, pode ganhar fôlego e a extrema-direita pode catalisar a pauta junto a outros partidos, movimentando o parlamento para questões de seu interesse.
É fato que os eurodeputados afinados com ou de extrema-direita têm usado seus assentos em grande parte para financiar atividades políticas domésticas, ou para dar vazão à plataforma anti-União-Europeia. No entanto, se passarem a usar seus cargos para bloquear a legislação e medidas consideradas importantes, isso pode levar a que os governos membros sejam obrigado a contornar o parlamento fazendo acordos entre si, ou seja, colocarão o próprio Parlamento Europeu em xeque.
A própria eleição do próximo presidente da Comissão Europeia, e a decisão sobre o orçamento da União Europeia, pode ser afetada com uma aliança entre a extrema-direita forte com eurodeputados anti-União-Europeia, inclusive os de esquerda.
O caso francês é particularmente importante porque mostrará se a extrema-direita soube aproveitar a crise interna para firmar sua posição no continente. De toda sorte, o imperialismo parece ter entrado numa fase crítica da crise pela qual atravessa nas ultimas décadas.