Grandes protestos ocorreram nessa sexta feira (23/10) na cidade de Nápoles, Itália. Os protestos ocorrem devido a decisão do governador Vincenzo De Luca por um novo bloqueio depois que a disseminação da Covid-19 atingiu um novo recorde diário, 19.143 novos casos da doença. O primeiro-ministro Giuseppe Conte já havia se manifestado na quarta feira, pedindo aos italianos que fizessem “pequenos sacrifícios” para combater o vírus, como evitar viagens desnecessárias, para que o governo não tenha que impor restrições mais duras.
A situação se agravou com milhares de pessoas nas ruas em enfrentamento com a polícia, houve invasões de escritórios regionais do governo. Aos gritos de “Liberdade!” a multidão enfurecida avançou sobre a polícia com garrafas, bombas de fumaça, paus e pedras. Foi erguida uma barricadas usando recipientes de lixo e em seguida incendiada. A polícia revidou com gás lacrimogêneo.
Também houve protestos em Salerno e foi decretado toque de recolher noturno, no entanto a população ignorou e seguiu protestando até as 5 horas da manhã do dia seguinte. Vídeos postados nas redes sociais mostram a população atacando policiais que ficaram encurralados e recuaram.
Os protestos favorecem o discurso da extrema direita italiana, segunda força política do país, que se opôs ao lockdown desde o início da pandemia devido a suas consequências econômicas. A extrema direita explora a contradição da burguesia no poder que não tendo uma saída real para a crise de saúde, apela exclusivamente para a quarentena, o que representa no máximo uma medida de contenção da doença.
A quarentena na Itália foi muito longa, a Itália foi o primeiro país do mundo a introduzir um bloqueio nacional estrito, em 9 de março, depois que o vírus rapidamente dominou o sistema de saúde na região norte da Lombardia. Somado a isso, a falta de assistência aos trabalhadores e pequenos comerciantes, está permitindo o desenvolvendo de uma profunda crise social que possibilita a ampliação da base desses grupos fascistas.
A situação explosiva da Itália pode indicar uma tendência em toda a Europa, onde já se fala em uma segunda onda de contágio do coronavírus. O crescimento da insatisfação popular e o agravamento da crise econômica nesse quarto trimestre pode comprometer as vendas de final de ano agravando ainda a mais a crise. As implicações de evolução desses acontecimentos na Europa afeta todo o mundo e devem ser acompanhadas com atenção para orientar o política da esquerda, inclusive no Brasil.