A exposição internacional 34ª Bienal de Arte de São Paulo iniciará em fevereiro e terá como título o verso do poeta amazonense Thiago de Mello “faz escuro mas eu canto”. Entre as obras, estará uma obra inédita de Helio Oiticica e três individuais de artistas mulheres.
De acordo com Jacopo Crivelli Visconti, curador-geral da mostra, nas obras e performances apresentadas devem estar presentes comentários sobre a conjuntura social, ambiental e política atual. “O verso ecoa muito o que a gente está pensando para a Bienal, que foi concebida a partir do momento que vivemos, mas que também quer defender um espaço para a produção artística que não seja exclusivamente focada nas questões políticas e imediatas que a gente vive no Brasil e no mundo. O verso tem esse andamento, começa deixando claro o momento que a gente está, “Faz escuro”, e continua com “mas eu canto”, que é uma esperança e defende a ideia de que, no momento da escuridão, é preciso reafirmar o valor da arte”, destaca o curador em entrevista concedida ao jornal O Globo.
Na abertura da Bienal, marcada para o dia 8 de fevereiro, será realizada uma mostra individual da artista Ximena Garrido Lecca que tem o objetivo de mostrar a história peruana a partir do contexto do processo de globalização. Haverá, também, a performance “A Maze in Grace”, de Neo Muyanga. Inspirada na canção “Amazing Grace”, faz uma referência ao traficante de escravos John Newton que tornou-se um abolicionista após uma série de acidentes e tragédias pessoais.
Não será uma surpresa se houver por parte do governo de extrema-direita uma tentativa de censurar uma bienal de arte que propõe trazer uma discussão política a respeito do contexto atual. No início do mês de setembro, por exemplo, isso aconteceu durante a Bienal do Livro do Rio. Na ocasião, o prefeito Marcelo Crivella ordenou que os exemplares da história em quadrinhos “Vingadores, a cruzada das crianças” fossem recolhidos por conter a imagem de um beijo entre dois jovens do mesmo sexo.
Em entrevista ao portal Terra, Gal Costa comentou a respeito desta censura: “quando isso aconteceu, eu vi na televisão, eu não acreditei. Eu lembrei no meu disco Índia, que foi vendido em um invólucro preto. Eu falei “não é possível tudo isso de novo acontecendo”. Eu fiquei meio assustada, mas eu acho que isso não vai acontecer. Você tem que estar sempre atento. Atento e forte para não deixar uma ditadura de direita se instalar no Brasil”.
É preciso estar atento, forte e nas manifestações populares pedindo o fim desse governo golpista e exterminador da classe trabalhadora. Fora Bolsonaro!