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Política e Covid-19

Explosão de casos de Covid evidencia estelionato eleitoral

Com as notícias do aumento exponencial de casos de coronavírus, fica escancarado o estelionato eleitoral que a burguesia lançou à época. A pandemia nunca saiu de cena.

Nos meses que antecederam as eleições municipais deste ano, foi possível observar um fenômeno baste curioso no que diz respeito à crise sanitária da Covid-19. Enquanto, por uma lado, caiam as restrições a certas atividades comerciais, flexibilizavam-se as regras de isolamento social e, por consequência, crescia exponencialmente a circulação de pessoas em todas as cidades do país, por outro, iniciou-se uma ampla campanha cujo sentido era propagar a ideia de que a pandemia havia entrado numa curva descendente e parecia estar próxima de ser controlada.

Tirante aqueles com problemas de memória, todos se lembrarão da enxurrada de matérias da imprensa burguesa noticiando a queda do número de contaminados neste ou naquele estado, a queda do número de mortes nesta ou naquela região, a queda na taxa de internações nesta ou naquela cidade, e assim por diante. “Taxa de contágio da Covid está em desaceleração no Brasil, segundo estudo”, afirmava um importante órgão da imprensa capitalista em agosto. “Estado de São Paula volta a ter queda de mortes por covid-19”, noticiava um dos maiores sítios de notícias do país em setembro. “Brasil mantém tendência de queda de óbitos por Covid-19”, dizia um portal na internet duas semanas antes do primeiro turno das eleições.  Manchetes e notícias como essas eram repetidamente veiculadas, todos os dias, nos meses de julho, agosto, setembro, outubro e boa parte de novembro.

O caráter absurdo do fenômeno era flagrante. Como é possível que, aumentando a circulação e o contato entre as pessoas, a transmissão, contaminação e mortes causadas pelo vírus tenham caído? Nada disso fazia sentido, mas os monopólios da imprensa capitalista e os órgãos oficiais do Estado insistiam inflexivelmente na tese.

As eleições, contudo, chegaram ao fim e, com elas, toda a campanha artificial em torno da queda, da desaceleração e controle da pandemia também. Aliás, para ser exato, uma vez concluído o primeiro turno das eleições, já foi possível notar a mudança brusca de direção nessa questão. De repente, como num passe de mágica, o coronavírus havia voltado com força aumentada. As tendências de queda repentinamente viraram tendências de alta. Os números de contaminados e mortes, antes na curva descendente, voltaram a subir, e o que era desaceleração transformou-se em aceleração. Aqui, não estamos diante das leis da dialética em ação, mas da mais pura e simples falsificação da realidade.

As últimas notícias divulgadas pela imprensa burguesa deixam claro a situação de descalabro em que nos encontramos. Segundo a pesquisa Datafolha publicada pela golpista Folha de S. Paulo neste sábado (19), 8 em cada 10 brasileiros afirmam que já tiveram a Covid-19 ou conhecem alguém que teve a doença. A pesquisa ainda aponta que, perguntados sobre a situação atual da pandemia no Brasil, o percentual de pessoas que acreditam que o cenário está piorando saltou de 43%, em pesquisa realizada em agosto, para 73%, em dezembro. A pesquisa, feita por um instituto controlado pela direita golpista e que, portanto, não merece a mais remota confiança, mostra um cenário de catástrofe, algo totalmente destoante do que era apregoado algumas poucas semanas atrás.

Tenhamos claro: a pandemia não entrou em queda e tampouco chegou perto de ser controlada. Não houve desaceleração do contágio enquanto crescia o número de pessoas em circulação pelas cidades e nenhuma medida efetiva e em larga escala era adotada pelas autoridades políticas. O término abrupto e sem justificativa do conto de fadas da queda dos números da pandemia, uma vez terminadas as eleições, demonstram que toda essa campanha não passou de uma manobra política desfechada para a disputa eleitoral deste ano.

As eleições municipais transcorreram sob o guarda-chuva dessa falsificação da realidade.  Com os números de contaminados e mortos supostamente em queda, com a pandemia sendo supostamente controlada, o tema da crise sanitária ficou relegado a segundo plano durante as eleições. Embora fosse (e ainda é) um fator de primeiríssima grandeza na situação política atual, a pandemia da Covid-19 praticamente não apareceu no jogo eleitoral. Tudo se passou como se a pandemia fosse coisa do passado, algo já superado ou em vias de ser superado.

A manobra, que consistiu num verdadeiro estelionato eleitoral, resta agora absolutamente exposta à luz dia, quando se torna cada vez mais difícil para a direita e seus órgãos mascarar, ocultar e manipular a crise do coronavírus e suas manifestações mais graves.

Executor e beneficiário desse embuste eleitoral, a direita golpista se valeu desse artifício para tirar de si o peso da responsabilidade pelo genocídio causado pela sua política, de cuja incapacidade para fazer frente à pandemia temos a comprovação a cada dia que passa. A política neoliberal da direita, expressa no corte de gastos sociais, ataques às condições de vida da população pobre e trabalhadora, ofensiva contra as organizações de luta dos explorados, concessões infinitas aos bancos e grandes capitalistas etc., anda na contramão das exigências da situação de crise que atravessa a sociedade brasileira (e mundial). A crise da pandemia do coronavírus escancara esse quadro. Daí a importância de tirá-lo da cena quando do início da campanha eleitoral.

A manobra ganha ainda mais importância quando situamos as eleições municipais nos marcos da luta política geral no país. As eleições deste ano, de um lado, refletiram a disputa no interior do bloco golpista, a divisão entre a direita tradicional (PSDB, DEM, MDB etc.) e a extrema-direita bolsonarista, e, de outro, contribuíram para fazer avançar a política de Frente Ampla, cuja função política é arrastar definitivamente a esquerda para dentro do regime político saído do golpe de 2016. Em outras palavras, as eleições municipais de 2020 constituíram uma etapa importante da luta política em curso e, em particular, um momento importante da luta política que se avizinha em 2022, ano de eleições presidenciais.

Por outro lado, não é possível deixar de mencionar que esse estelionato eleitoral só se completou porque contou também com beneplácito da esquerda burguesa e pequeno-burguesa, que em nenhum momento durante as eleições denunciou a manobra ou agiu para se contrapor a ela. Como em todas as outras questões políticas fundamentais, a quase totalidade da esquerda ficou a reboque da burguesia.

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