Na última sexta-feira (12), o procurador José Alfredo de Paula Silva, coordenador do grupo de trabalho da Lava Jato na Procuradoria-Geral da República (PGR), pediu demissão. Diretamente subordinado a Raquel Dodge, que foi escolhida por Michel Temer para ocupar o cargo de procuradora-geral da República, Paula Silva alegou “questões pessoais” para justificar sua saída da Lava Jato.
José Alfredo de Paula Silva estava atuando no grupo de trabalho da Lava Jato desde setembro de 2017, quando Raquel Dodge assumiu o cargo de procuradora-geral da República. Sucessora de Rodrigo Janot, Raquel Dodge foi incorporada ao regime político para garantir que o Estado de arbítrio instaurado após o golpe de 2016 pudesse progredir. Foi com Dodge na Procuradoria-Geral da República, por exemplo, que o ex-presidente Lula foi preso.
Além de contribuir para as perseguições políticas, Dodge também vinha cumprindo outro papel fundamental para o regime político: o de garantir que os políticos burgueses e empresários que tivessem vínculos mais profundos com o imperialismo fossem poupados do chamado “combate à corrupção”. Enquanto procuradora-geral, Dodge se opôs à prisão de Michel Temer e defendeu o ministro da Justiça Sergio Moro, desmascarado em uma conspiração contra toda a população brasileira.
Os motivos reais da demissão de Paula Silva não são claros. No entanto, é de se esperar que uma das peças mais importantes para a Operação Lava-Jato, que, por sua vez, é um dos pilares de sustentação do regime político golpista, não tenha sido removida tão somente por “questões pessoais”. A própria imprensa golpista não hesitou em especular sobre os motivos que teriam levado ao pedido de demissão do coordenador da Lava Jato na PGR. Segundo o jornal golpista O Globo, Paula Silva estaria insatisfeito com o ritmo lento de algumas investigações, como no caso da delação do empreiteiro Léo Pinheiro. O Globo também alegou que Paula Silva estaria em desacordo com a possível recondução de Raquel Dodge ao cargo de procuradora-geral por fora da lista tríplice.
A saída de José Alfredo de Paula Silva da Lava Jato é mais um episódio da agoniante crise do regime político golpista. A impopularidade do governo e a falta de resultados na política econômica levada por Bolsonaro está impedindo que a burguesia se unifique em torno de uma frente decidida para atacar os trabalhadores. Por isso, é necessário aproveitar a fraqueza do governo, em que as contradições estão sendo explicitadas das mais diversas maneiras, e derrubar Bolsonaro e todos os golpistas. Fora Bolonaro, Mourão e todos os golpistas! Eleições gerais já! Liberdade para Lula!